BUDAPESTE E ROMA, 21 JUL (ANSA) – O primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, enviou uma carta para o governo italiano em que pede que o país “feche as portas” para os imigrantes ilegais que chegam através da rota do Mar Mediterrâneo.   

O documento, que foi assinado pelos outros governos que fazem parte do chamado “Visègrad” – República Tcheca, Eslováquia e Polônia -, foi revelado pelo próprio premier em uma entrevista à rádio pública “MR”.   

“Se não forem fechadas as portas para os imigrantes, o problema se tornará incontrolável, visto que os alemães e os austríacos fecharão suas fronteiras em breve. O fluxo migratório deve ser barrado na Líbia”, disse Orbán sobre o documento.   

A resposta italiana veio horas depois, quando o premier Paolo Gentiloni informou que a sua nação “não precisa de lições improváveis da Europa” e que não aceita “palavras ofensivas” sobre o tema dos imigrantes.   

“De nossos vizinhos, dos países que compartilham o projeto europeu, nós temos o direito de pedir solidariedade. Não aceitamos lições nem palavras ameaçadoras. Serenamente, nós nos limitamos a dizer que fazemos o nosso trabalho e pretendemos que a Europa faça o seu também sem dar lições improváveis”, destacou o primeiro-ministro.   

Sobre o pedido do Visègrad de que os “verdadeiros solicitantes de asilo” devem “ser identificados antes de entrarem na União Europeia”, Gentiloni destacou que as fronteiras externas estão sendo protegidas, mas que a “UE e seus países-membros precisam mobilizar recursos financeiros e de outros gêneros para criar condições seguras e humanas em abrigos ou centros de acolhimento fora da UE”.   

Essa não é a primeira vez que o premier, considerado populista por muitos europeus, dá uma declaração polêmica sobre a questão da imigração na Europa. Orbán lidera o Visègrad, um grupo de quatro países que se nega a aceitar a realocação de deslocados que chegam à Itália e Grécia e não aceita nenhum tipo de política de acolhimento da União Europeia.   

No ano passado, por diversas vezes, ele bateu de frente com a postura italiana na gestão da crise migratória. Isso porque, mesmo com os pedidos de aumento de ajuda europeia, a Itália considera fundamental salvar vidas no Mar Mediterrâneo.   

A referência à Líbia, feita por Orbán, se justifica porque a imensa maioria dos deslocados que chegam à Itália vem de portos líbios e não de países em guerra, como a Síria e o Iraque.   

De acordo com dados do Ministério das Relações Exteriores da Itália, entre 1º de janeiro e 21 de julho deste ano, 93.360 pessoas chegaram ao país através do Mediterrâneo, em uma alta de 11% na comparação com 2016. A Organização Internacional para as Migrações (OIM) informa que na travessia para a Itália, 2.207 morreram ou desapareceram, tornando essa a rota marítima mais mortal do mundo. (ANSA)