Brasileiros do ano

O ano de 2016 foi um dos mais intensos da história recente do Brasil. Impeachment da presidente da República, políticos graúdos enredados em esquemas de corrupção, governadores, empresários e empreiteiros encarcerados, delações bombásticas, manifestações de rua que mobilizaram milhões de pessoas, crises entre os poderes da nação, economia arrasada, Olimpíada que começou sob suspeita e terminou sob aplausos, reformas estruturais, tudo isso impôs desafios gigantescos. Apesar do cenário turbulento, um seleto grupo de brasileiros superou obstáculos que pareciam instransponíveis. Eles foram as estrelas da 17ª edição dos prêmios “Brasileiros do Ano” e “Empreendedor do Ano”, concedidos pela Editora Três para homenagear as personalidades que mais se destacaram em diversas áreas em 2016. Realizado na terça-feira 6, no Citibank Hall, em São Paulo, o evento, que marcou também os 40 anos da revista ISTOÉ, permitiu uma constatação: a crise é profunda, mas a travessia já começou. Em seu discurso de abertura, o presidente executivo da Editora Três, Caco Alzugaray, destacou o momento histórico. “Estamos vivendo o que parece ser as dores do parto de uma nova nação”, disse Caco. “Se o País não está totalmente livre do mal da corrupção, pelo menos avança a passos largos nesta direção.”

SOLENIDADE – O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, cumprimenta o presidente executivo da Editora Três, Caco Alzugaray, e o presidente da República, Michel Temer, antes da entrega dos prêmios

Eleito “Brasileiro do Ano” pela ISTOÉ, o presidente Michel Temer, que recebeu a dura missão de reconstruir o País, reconheceu as dificuldades conjunturais, mas demonstrou otimismo. “Nós temos que aproveitar a crise, que, no geral, é mobilizadora dos governos e das pessoas”, afirmou o presidente. “O Brasil tem potencialidades extraordinárias. Vamos sair da recessão, alcançar o crescimento e o pleno emprego.” Outro destaque da noite foi o juiz federal Sérgio Moro, o “Brasileiro do Ano na Justiça.” Moro tem nos ombros o peso de comandar a operação Lava Jato, iniciativa que tem varrido as promíscuas relações entre os entes públicos e privados. “Não sei se vamos acabar com a corrupção, mas o importante é acabar com a corrupção como a regra do jogo”, afirmou. Moro disse ainda que a homenagem é o reconhecimento de um trabalho institucional, e não pessoal. “O cidadão pode confiar na Justiça brasileira.”

PERSERVERANÇA – Em seu discurso, o presidente Temer pregou união para salvar o Brasil

Raras vezes um evento foi capaz de reunir, em um mesmo palco, os protagonistas da vida política nacional. Além do presidente Michel Temer, marcaram presença na premiação o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, que fez um dos discursos iniciais; o prefeito eleito da capital paulista, João Dória, escolhido como “Brasileiro do Ano – Revelação na Política”; e o senador Aécio Neves. Alckmin destacou o caminho árduo trilhado pelos homenageados. “Aqui estão os que empreenderam, os que criaram, os que se aventuraram, mesmo com toda a adversidade.” Dória dedicou o prêmio a São Paulo, cidade que o elegeu. Num depoimento emocionado, declarou que trabalhará intensamente para fazer do município um lugar melhor para se viver. Para completar o time de políticos, o ministério de Temer compareceu em peso. Estiveram no evento José Serra, ministro das Relações Exteriores, Ronaldo Nogueira (Trabalho), Helder Barbalho (Integração Nacional), José Mendonça Filho (Educação), Leonardo Picciani (Esporte), Bruno Araújo (Cidades), Roberto Freire (Cultura), Gilberto Kassab (Ciência e Tecnologia), Alexandre de Moraes (Justiça e Cidadania) e Alberto Beltrame (secretário de Desenvolvimento Social e Agrário). “O governo está comprometido em estimular a economia por meio de reformas estruturantes”, disse o ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira.

DISCURSO – Aplaudido em pé, o juiz Moro valorizou a Justiça do Brasil
DESTAQUE – O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, foi agraciado com o prêmio de “Empreendedor do Ano” e apontou sinais de melhora na economia

Em sintonia com os valores da Editora Três, o prêmio mais uma vez confirmou sua vocação democrática. Diante de uma plateia formada por cerca de 700 pessoas, representantes de diversas áreas exibiram seus troféus com orgulho. “Brasileiro do Ano na Cultura”, o novelista Benedito Ruy Barbosa dirigiu-se ao presidente Temer. “Estou torcendo muito para o senhor”, disse Benedito. Uma das estrelas da noite, o canoísta Isaquias Queiroz, primeiro brasileiro a ganhar três medalhas em uma única edição olímpica e vencedor na categoria “Esporte”, fez uma promessa pública. “Vou lutar pelo ouro em 2020”, afirmou. Outro ponto alto foi a presença da cantora Ludmilla, campeã na categoria “Música.” Antes de a cerimônia começar, ela brincou com os convidados e prometeu voltar todos os anos – e sempre como vencedora. Além de Ludmilla, os olhares se voltaram para a presença irradiante da atriz Grazi Massafera, “Brasileira do Ano na Televisão.” Grazi demonstrou preocupação com a crise econômica. “O Brasil precisa melhorar, gerar mais empregos”, comentou numa roda com ministros.

Um dos discursos mais aplaudidos foi feito pelo jornalista Ricardo Boechat, escolhido “Brasileiro do Ano” na categoria “Comunicação”. A certa altura, Boechat dirigiu-se ao juiz Sérgio Moro, também presente no palco, para parabenizá-lo pela atuação firme na Lava Jato e incentivando-o a continuar no combate à corrupção. A referência ao magistrado provocou efusivos aplausos na plateia. Não foi a única vez que Moro mereceu o reconhecimento do público. No final da cerimônia, o juiz ainda seria requisitado para uma série de selfies.

Realizada em conjunto pelas revistas ISTOÉ E DINHEIRO, a cerimônia premiou como “Empreendedor do Ano” o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Em seu discurso, Meirelles foi enfático ao dizer que o País vive hoje a pior crise de sua história, mas ele também trouxe boas notícias. “Há sinais consistentes de melhora na economia”, afirmou Meirelles. Presidente da Petrobras e eleito “Empreendedor do Ano na Indústria”, Pedro Parente também demonstrou confiança no País. “Acreditamos na retomada”, afirmou. Vencedor na categoria “Gestão”, Abilio Diniz, um dos principais acionistas da BRF e do Carrefour, foi na mesma linha. “Não podemos ter a ilusão de que tudo vai se resolver rapidamente, mas o Brasil está começando a virar o jogo”, disse.

Do mundo empresarial, compareceram os seguintes homenageados pela revista DINHEIRO: Carlos Wizard, sócio do Grupo Sforza e “Empreendedor do Ano nos Serviços”; Flávio Rocha, presidente da Riachuelo e “Empreendedor do Ano no Varejo”; Rodrigo Galindo, presidente da Kroton e “Empreendedor do Ano na Educação”. Também estiveram presentes Aldemir Bendini, ex-presidente da Petrobras e do Banco do Brasil; Luiz Carlos Trabuco, presidente do Bradesco; Nadir Moreno, presidente da UPS Brasil; José Luiz Gandini, presidente do Grupo Kia Motors; Antonio Rubens Silva Silvino, presidente da Liquigás; Antonio Roberto Cortes, Presidente e CEO da MAN Latin America; David Barioni, ex-presidente da Apex; e muitos outros empreendedores e executivos.