João Doria nunca havia disputado uma eleição e logo na estreia elegeu-se prefeito de São Paulo , no primeiro turno, com mais de 3 milhões de votos. Foi um fenômeno eleitoral. Fez parte da onda azul, que varreu o PT do mapa. Agora, há sete meses na prefeitura, já sente-se em condições de pleitear a vaga dos tucanos para concorrer ao Planalto.

O senhor venceu a eleição em primeiro turno porque representava o novo, como gestor e não-político. O senhor acha que esse perfil prevalecerá também para a eleição presidencial de 2018?
Há um sentimento da população de muita contrariedade com a classe política, muitas vezes até de forma injusta. Mas isso tem provocado uma opinião muito adversa dos eleitores. Temos que reconhecer que há desgaste da classe política e provavelmente em 2018 também haverá essa reação em relação ao voto.

Os políticos, que já estavam desgastados com a Lava Jato, ficaram com a imagem ainda mais arranhada com a delação da JBS. O senhor acha que políticos citados nas delações terão dificuldades em 2018?
Terão mais dificuldade, com certeza.

Eduardo Knapp/Folhapress

Os candidatos de seu partido, como Aécio, Serra e Alckmin, que estavam bem cotados, foram atingidos pelas delações. A candidatura do PSDB a presidente pode , com isso, cair no seu colo?
A minha responsabilidade é ser prefeito de São Paulo. E tenho procurado ser um bom prefeito. Tenho trabalhado muito, sendo inovador, transformador, fazendo enfrentamentos e agindo com decência e transparência.

O senhor defendia que o candidato a presidente do PSDB deveria ser lançado o quanto antes. Mantém a posição?
Eu tinha essa visão. Mas depois do episódio da JBS, o Brasil vive cada dia com uma agonia e a nova crise mudou um pouco o calendário. A data foi empurrada para dezembro. Primeiro precisamos resolver a crise Temer.

O PSDB acabou não desembarcando do governo. O partido deveria ter saído, em sua avaliação?
O momento do desembarque passou. Face às circunstâncias, o PSDB deve fazer uma avaliação diária desse quadro e manter o apoio às reformas.