Um homem-bomba matou nesta quinta-feira um guarda do Hamas na Faixa de Gaza, em um incomum atentado contra o movimento palestino, que governa o território há uma década.

Dois homens se aproximaram de um dos vários postos de controle instalados pelo Hamas perto da fronteira com o Egito, ao sul de Gaza, a 1H00 (19H00 de Brasília, quarta-feira).

Quando os guardas pararam os dois homens, um deles detonou a carga explosiva e morreu na hora. Vários guardas e o outro criminoso ficaram feridos, informou o ministério do Interior de Gaza.

Um agente do Hamas, Nidal Jomaa El Jaafari, de 28 anos, não resistiu aos ferimentos. Outro guarda se encontra em estado grave.

O ataque aconteceu a poucos metros do único ponto de passagem entre a Faixa de Gaza e o Egito, que fica fechado quase o tempo todo, mas reabriu na segunda-feira de forma excepcional para permitir que os muçulmanos de Gaza participassem da peregrinação à Meca, que começa no fim do mês.

Iyad al-Bozum, porta-voz do ministério do Interior, classificou o ato de “atentado suicida”. Uma fonte das forças de segurança afirmou que este foi o primeiro ataque do tipo contra o Hamas em Gaza.

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Os autores e as motivações continuam desconhecidos, mas as brigadas Ezzedin al Qasam, braço armado do Hamas, atribuíram o ataque à “teologia fundamentalista jihadista”.

O Hamas enfrenta há vários anos o movimento salafista, sobretudo os jihadistas que integram este último.

Os líderes jihadistas afirmam que conseguiram infiltrar milhares de homens na Faixa de Gaza, um número impossível de verificar. O Hamas cita dezenas de pessoas.

Até o momento, o Hamas conseguiu, por meio de negociações e uma dura repressão, conter o perigo que representa para sua autoridade o movimento jihadista, que tenta tirar proveito da desesperança dos moradores de Gaza.

Nos últimos meses, o Hamas prendeu de modo discreto dezenas de pessoas, o que irritou vários grupos, que ameaçaram com represálias.

A presença jihadista é um dos componentes do explosivo coquetel em Gaza, com o bloqueio imposto por Israel há uma década, o fechamento quase permanente de sua única fronteira – com o Egito -, a miséria e as divisões entre palestinos.

O Egito precisa lidar com uma insurreição jihadista na península do Sinai, ao sul de Gaza, e acusa com frequência o Hamas de permitir a passagem de armas e combatentes entre a Faixa e seu território.


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