Numa entrevista recente a um jornal de Chicago, o criador do Lollapalooza, Perry Farrell, disse que odeia o EDM (Eletronic Dance Music). A ironia é que o palco de seu próprio festival dedicado ao gênero eletrônico leva o seu nome e não para de crescer.

Este ano, ele teve o visual remodelado, cresceu de tamanho, ganhou um soundsystem superpotente, canhões de papel e de luz e mais capacidade de público. Para ser justo, Farrell disse no sábado, ao Estado, que talvez tivesse se expressado mal.

Na tarde do domingo, 26, ficou nas mãos do polêmico DJ israelense Borgore agitar o palco Perry com seu dubstep pesado, o que ele fez com facilidade – a polêmica que o envolve tem relação com letras de algumas de suas músicas que seriam desrespeitosas para algumas pessoas. Mas o talento dele é muito claro: ele mixa sucessos do rock com os baixos marcados do dubstep com mais desenvoltura que a dupla Chainsmokers, por exemplo, que encerrou o Palco Axe no sábado.

O Perry é o único palco do festival que tem uma logística de entrada e saída por dois lugares diferentes, lição básica que facilita muito a circulação de tanta gente, mesmo com a capacidade limitada – uma das grandes falhas do Lollapalooza este ano foi a movimentação de tanta gente entre os palcos.

Mesmo ali, porém, havia filas enormes e demoradas nos bares. O Lollapalooza deve a resposta da seguinte pergunta: por que é tão difícil o público conseguir pegar cerveja num festival cujo principal patrocinador é a maior cervejaria do mundo?

O maior espaço à música eletrônica se revela um tiro certeiro de Perry Farrel. Com a ausência do Tomorrowland no Brasil, e com a comprovada fidelidade de um público capaz de pagar preços altos para passar horas em maratonas eletrônicas, o ex-punk líder de uma banda essencialmente orgânica dos anos 1980, o Jane’s Addiction, Farrel revela que gostos são gostos, não negócios. Aos poucos, seu evento vai aumentando a carga de atrações influenciadas pela música eletrônica sobretudo dos anos 80.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.