Muitas vezes, na longa jornada da humanidade, frases soltas têm retratado mais e melhor uma situação limite do que compêndios ou tratados históricos. Senão, vejamos:
“Eu mesma matei minha filha de dez anos, e muitas mães estão fazendo isso. Assim tive a certeza de que os soldados não iriam estuprá-la” (mulher síria não identificada).
“Lá é o inferno, é o local onde o sentido da vida derreteu” (Rupert Colville, porta-voz de direitos humanos da ONU).
“É a mais crua tragédia humana desse século” (François Hollande, presidente da França).
“Trata-se do túmulo da humanidade” (editorial do jornal francês Le Monde).

O “inferno”, o palco da “crua tragédia”, o “túmulo da humanidade”, o local onde mãe assassina filha para não vê-la violentada, tudo isso é a cidade síria de Aleppo, invadida ao longo da semana passada pelas tropas leais ao governo do ditador Bashar al-Assad. Tratou-se de uma operação militar de extermínio que contou com o decisivo apoio das forças armadas russas. O objetivo: aniquilar os focos de resistência ao regime e aterrorizar a população civil que há quase seis anos suporta uma guerra que já resultou em 350 mil mortos. Por que os civis? Porque Bashar al-Assad é um louco que considera que esse é o momento de mostrar ao mundo a sua capacidade de destruir aqueles que não o apoiam, ainda que essa gente seja mulheres, velhos, enfermos, crianças, paralíticos – e muitos dos entrevados, assim se tornaram, em decorrência da própria guerra. Nas cenas de desespero, registradas pela mídia de todo o mundo, viam-se homens apoiando-se em muletas porque acharam melhor dar às cadeiras de rodas a função de transporte de objetos essenciais a quem terá de tentar a sobrevivência em qualquer canto do planeta. O número de mortos ainda não dá para contar, mas a foto acima, por si só, grita a tragédia em Aleppo. E a guerra vai acabar? Al-Assad sabe que não, os sírios sabem que não. “A luta persistirá”, diz Samer Abboud, professor de estudos internacionais nos EUA.

183 mil
passaportes são produzidos mensalmente no Brasil pela Casa da Moeda. Desde a semana passada, no entanto, a confecção do documento está suspensa. Motivo: falta de pagamento, que é efetuado pelo Tesouro Nacional. Quem requer passaporte paga por ele R$ 257,25. Esse valor, segundo a PF, é mais que suficiente para quitar o débito se o Tesouro repassasse o dinheiro à Casa da Moeda.

CORRUPÇÃO
Silas Malafaia caiu em tentação?

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A PF deflagrou na sexta-feira 16 a Operação Timóteo (referência a um dos livros bíblicos), em onze estados e no Distrito Federal. Objetivo: desmantelar o esquema de corrupção em cobranças judiciais de royalties da exploração mineral, promovido pelo Departamento Nacional de Produção Mineral. O seu diretor, Marco Antonio Valadares Moreira, foi preso (teria desviado R$ 7 milhões). O pastor Silas Malafaia (foto), líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, foi alvo de mandado de condução coercitiva para depor – a PF afirma que ele lava dinheiro em contas da Igreja. Malafaia confirma que recebeu “oferta de R$ 100 mil de um membro da igreja do pastor Michael Abud” e que o “cheque foi depositado em conta”. Alega que não sabe a origem do dinheiro.

MERCOSUL
Com o nariz na porta

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A chanceler da Venezuela, Delcy Rodríguez (foto), tentou entrar à força na reunião do Mercosul em Buenos Aires, na quarta-feira 14 – seu país está suspenso do bloco. Apesar de ter avisado Delcy sobre o fato de ela ser persona non grata no evento, a primeira-ministra da Argentina, Suzana Malcorra, a recepcionou. Na reunião, a presidência rotativa do Mercosul foi transferida à Argentina.

COMPORTAMENTO
Justiça autoriza idoso a tomar chá de maconha
Francisco Pedro da Silva tem 70 anos. Toma chá de maconha porque alguém lhe falou que faz bem para câncer de próstata (o que é falso). Foi processado. A Justiça de Alagoas o absolveu: “sua conduta não extrapola o âmbito individual”. E o autorizou a manter o chá.

CIDADES
Procura-se prefeito

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A cidade paulista de Ribeirão Preto é um dos principais polos econômicos do País. Não vem dando sorte é com prefeitos e vereadores. O mais famoso, Antonio Palocci, está preso pela Lava Jato. Quanto à prefeita atual, Dárcy Vera, também ela foi presa sob acusação de desviar R$ 250 milhões. O vice-prefeito, Marinho Sampaio, renunciou temendo que o TCE o responsabilizasse por algum erro. Já o presidente da Câmara dos Vereadores, Walter Gomes, seguiu o caminho da cadeia. Na quarta-feira 14, depois de 12 dias sem comando, a prefeitura foi assumida pela secretária da Mesa Diretora, Gláucia Berenice. E, mesmo assim, interinamente.77