A “fraca liderança” à frente das unidades da Polícia e do Exército afegãos provoca uma taxa anormalmente alta de vítimas entre as fileiras militares – criticou neste domingo (23) o general americano John Nicholson, responsável pelas forças da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) no Afeganistão.

“Estamos extremamente preocupados com a taxa elevada de vítimas”, admitiu o general, acrescentando que as perdas militares serão “tão importantes, ou até superiores” às de 2015.

“Um dos principais fatores para a alta taxa de vítimas foi a liderança, os erros de liderança em certos níveis – sobretudo, na Polícia e, em menor medida, no Exército”, declarou Nicholson, no quartel-general da ONU em Cabul.

Para ele, os soldados afegãos fazem o que é possível, mas, com frequência, seus oficiais se mostram vacilantes. Muitas vezes, sequer têm equipamentos básicos para o combate.

“Esses oficiais de Polícia jovens, que morrem nos postos de controle, às vezes não têm comida suficiente comida, nem água, nem munições, e seu líder nem mesmo está com eles”, avaliou Nicholson, em conversa com jornalistas.

O número de óbitos em ação do Exército afegão ainda não foi divulgado este ano, mas fontes oficiais reconhecem que o fenômeno contribui para os baixos índices de recrutamento.

O Exército afegão conta com cerca de 170.000 membros, no lugar da previsão oficial de 190.000.

Quinze anos depois da invasão do Afeganistão e após milhões de dólares desembolsados pelos Estados Unidos, o governo afegão controla apenas dois terços do território.

Pelo menos 10% estão nas mãos dos talibãs, e o restante segue sob disputa.