Gene Wilder, batizado Jerome Silberman, sabia fazer rir em poucas palavras e gestos suaves. Sua graça vinha em ideias simples que ganhavam o tamanho de um espetáculo quando passavam pelo timing preciso de sua ironia. Ao contrário de outros comediantes, no entanto, não se prendeu ao riso, como ameaçou fazer depois de encenar Banzé no Oeste ou O Jovem Frankestein, ambos de 1974 e de aparecer ao lado de outro grande, Richard Pryor. Segundo informações divulgadas por seu sobrinho nesta segunda-feira, 29, Wilder faleceu este mês, aos 83 anos, em Stamford, Connecticut, de complicações do mal de Alzheimer.

A magia que o rondava tinha força para que Wilder habitasse o mundo das fantasias com realismo. Foi assim que se tornou o primeiro Willy Wonka quando estreou A Fantástica Fábrica de Chocolate, de 1971, um papel que o tornaria mais conhecido em todo o mundo. Não ganhou o Oscar, mas recebeu indicação para Melhor Ator Coadjuvante ao atuar em Primavera para Hitler, de 1969, e de Melhor Roteiro Adaptado para O Jovem Frankestein, de 1975.

O maior drama foi vivido nos anos em que sua mulher, Gilda Radner, paixão de sua vida, foi diagnosticada com câncer. Durante seu calvário, Gilda voltou-se contra Wilder de forma violenta. Fazia questão de atender a todos no hospital com carinho para mostrar que seu ódio, aparentemente inexplicável, tinha como destino apenas o próprio marido. Em 2005, Wilder escreveu Kiss Me Like a Stranger (Beije-me como um estranho) para contar os piores dias de sua vida ao lado da mulher em fase terminal. Sua obra extensa, de grande abrangência, inclui ainda Alice no País das Maravilhas, Uma Rajada de Balas (Bonnie and Clyde) e Tudo o que você quis saber sobre sexo, mas tinha medo de perguntar.