Toda vez que um evento da magnitude do furacão Matthew, que atingiu na semana passada todo o Haiti, a costa leste de Cuba, República Dominicana e algumas regiões da Flórida e na Carolina do Sul (EUA) deixa um rastro de destruição, o mundo se pergunta se é possível evitar tamanha catástrofe natural. Segundo os especialistas, a resposta é não. A única medida a se tomar diante de um fenômeno como o Matthew é a diminuição dos danos. O Serviço Meteorológico do Caribe emitiu sinais de alerta na quarta-feira 5, prenunciando condições extremamente perigosas, ventos que atingiram a velocidade de 250 km/hora e chuvas torrenciais que causaram a destruição de casas, carros, áreas litorâneas, deixaram perto de mil mortos no Haiti e mais de meio milhão de americanos sem energia elétrica. O poderoso Matthew chegou à costa da Flórida na noite da quinta-feira 6 na escala 5 e fez o governador da Flórida, Rick Scott, determinar que os 1,5 milhão de moradores começassem os preparativos para evacuar a região. “Nessas situações, não basta fazer o monitoramento de danos, é preciso destinar uma equipe para remover a população local”, afirma Maria Clara Sassaki, da Somar Meteorologia. “Os Estados Unidos já estão mais bem preparados, a maior parte das casas tem abrigos subterrâneos e as cidades são planejadas para suportar os estragos.” Na sexta-feira 7, o Matthew já havia sido rebaixado para a categoria 3, com ventos de 178 a 209 km/h. Ainda assim, a devastação foi grande.

Apesar de os meses de setembro e outubro serem considerados comuns à formação desse tipo de fenômeno nos Estados Unidos, o Matthew foi considerado um dos furacões com maior potencial de destruição da última década. Normalmente, após os alertas emitidos pelos órgãos de monitoramento o recomendável é retirar toda a população das áreas de risco. Além disso, sempre que ocorre um furacão com efeitos drásticos como o Katrina, que atingiu os EUA em 2005, e o Andrew, um dos mais devastadores ciclones tropicais, que passou pela Flórida em 1992, é realizada uma análise sobre como melhorar o plano de evacuação. “Governo e empresas se reúnem para criar novas políticas de remoção e segurança em situações de desastres naturais”, afirma Maria Clara. Moradora da cidade de Miramar, na Flórida, a diretora de vendas Dawn Marie Heron, 49 anos, sentiu alguns efeitos do fenômeno. “Havia chuva e ventos fortes. Árvores e galhos foram derrubados. Ficamos sem água e sem gasolina”, disse a americana à ISTOÉ.

2

Ausência de plano

Mais afetado do que os EUA, o Haiti foi arrasado pela passagem das tempestades e dos ventos. “O país estava no centro da rota, mas eles não possuem uma orientação do governo para deixar as regiões sob risco”, diz Marcos Vianna, meteorologista do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos. O especialista explica que mesmo com o avanço das empresas que desenvolvem o sistema de monitoramento é necessário rever periodicamente o plano de evacuação e o sistema de emissão de alerta. “Não basta só dar o sinal, é imprescindível deslocar equipes técnicas para acompanhar os moradores.” O Centro Nacional de Furacões dos EUA prevê que o Matthew chegue até a Georgia nos próximos dias. E depois, com menor intensidade, siga em direção às Bahamas e volte à Flórida apenas como uma tempestade tropical.

Entenda o fenômeno
O furacão Matthew se formou a partir de uma onda tropical surgida na costa africana, em setembro

Assine nossa newsletter:

Inscreva-se nas nossas newsletters e receba as principais notícias do dia em seu e-mail

• Enquanto se movia pelo Oceano Atlântico, próximo das Ilhas de Barlavento, a onda ganhou força suficiente para se transformar em uma tempestade tropical

• No dia 29 de setembro, quando chegou ao leste do Caribe, ela virou um furacão de categoria 5 – a mais alta

• Ao atingir a costa da Flórida, os ventos chegaram à velocidade de 220 km/h

• Do início da formação até a semana passada, o fenômeno percorreu mais de 4,8 mil quilômetros, matou perto de mil pessoas no haiti e deixou meio milhão de americanos sem energia

Fonte: Weather.com, National Hurricane Center

Fotos: Carlos Garcia Rawlins/REUTERS; Gregg Newton/afp; Samuel Corum/Getty Images


Siga a IstoÉ no Google News e receba alertas sobre as principais notícias