As forças iraquianas se aproximavam nesta segunda-feira de Tal Afar depois de ter se apoderado de vários povoados no segundo dia de sua ofensiva para retirar o Estado Islâmico (EI) de um de seus últimos redutos no Iraque.

Comboios blindados e tanques se deslocaram em direção a Tal Afar pela desértica planície de Nínive, levantando uma espessa nuvem de poeira em seu rastro.

Os bombardeios da artilharia se sucediam em direção a Tal Afar, cidade histórica situada 70 km ao leste de Mossul, a segunda cidade do Iraque e tomada do EI no começo de julho, constatou um fotógrafo da AFP.

Apoiadas pela coalizão internacional comandada pelos Estados Unidos, as forças pró-governamentais – que reúnem exército, polícias federal e local, forças especiais antiterroristas e 20.000 membros da organização paramilitar Hashd Al Shaabi – abriram três eixos em direção a Tal Afar (norte).

A previsão é que em pouco tempo circundem a cidade, posicionando suas forças nas entradas do reduto extremista, informaram à AFP os comandantes no terreno.

A Polícia Federal afirmou ter assumido o controle de quatro povoados no front oeste de Tal Afar. Seus homens estão a “algumas centenas de metros de Al Kifah”, o primeiro bairro de Tal Afar no oeste, informou seu chefe, Raed Shaker Jawdat, em um comunicado.

E o Hashd Al Shaabi, dominado pelas milícias xiitas apoiadas pelo Irã, anunciou ter avançado até os subúrbios na zona oeste da cidade.

As unidades de contraterrorismo, que avançam do sudoeste, retomaram cinco localidades, onde “içaram a bandeira iraquiana”, segundo um comunicado do Comando Conjunto de Operações.

– “Evitar perdas civis” –

A batalha de Tal Afar, cidade situada 70 km a oeste de Mossul, é uma etapa importante na ofensiva antijihadista, tanto no Iraque, como na vizinha Síria, onde o EI também é alvo de inúmeros ataques.

A tomada da cidade, asseguram as autoridades iraquianas e da coalizão internacional, tornaria ainda mais difícil a passagem de armas e extremistas entre os dois países.

As forças governamentais estão baseadas no aeroporto militar de Tal Afar, a 6 km da cidade, e teria sido arrebatado em novembro dos extremistas durante a ofensiva de Mossul.

A “vitória decisiva” em Mossul “não marcou o fim do EI no Iraque, nem de sua ameaça mundial”, havia advertido no domingo a coalizão internacional, em um momento em que o grupo extremista acabara de reivindicar os atentados mortais em Espanha e Rússia.

Retomar o controle de Tal Afar é “outro combate importante que deve ser realizado para garantir que o país e seus habitantes se livrem por fim do EI”, acrescentou o general americano Stephen Townsend, chefe das forças da coalizão.

Mas nesta batalha, os moradores poderiam ficar presos no fogo cruzado, advertem as organizações humanitárias, após terem lançado o mesmo sinal de alerta no caso de Mossul.

“As condições de vida na cidade são extremamente difíceis, os moradores não têm o mínimo necessário para sobreviver”, afirmou, em um comunicado, Lise Grande, coordenadora humanitária das Nações Unidas para o Iraque.

“Cerca de 40.000 pessoas já abandonaram a região”, declarou o porta-voz da ONU, Stéphane Dujarric, nesta segunda-feira.

A ONU e as ONGs com as quais a organização trabalha “não sabem quantas pessoas permanecem nas zonas de combate, mas preveem que milhares de pessoas mais fujam nos próximos dias e semanas”, ressaltou.

É difícil determinar o número atual de civis em Tal Afar, já que, como todos os outros redutos do EI, está sem comunicação com o mundo exterior. Segundo a coalizão internacional, seriam entre 10.000 e 50.000 dentro e nos arredores da cidade.

Autoridades locais acusam os mil jihadistas que estariam em Tal Afar de usá-los como escudos humanos.

O EI, que em certo momento chegou a controlar até um terço do território iraquiano, só detém agora o norte de Tal Afar e Hawija, mais ao sul. Também está presente na grande e desértica província ocidental de Al Anbar, onde controla várias zonas ao longo da fronteira síria.

À noite, forças iraquianas lançaram panfletos sobre Hawija, convocando a população a “se preparar porque as forças armadas fizeram da tomada da cidade seu próximo alvo”.