As forças de elite iraquianas entraram nesta sexta-feira (24) em um bairro do oeste de Mossul pela primeira vez desde o início, há quatro meses, de uma ofensiva para retomar essa cidade iraquiana das mãos do grupo Estado Islâmico (EI).

Paralelamente, a Força Aérea iraquiana bombardeou com êxito posições do EI nas regiões fronteiriças da vizinha Síria, segundo o primeiro-ministro Haider al-Abadi, que relacionou os alvos apontados aos sangrentos atentados cometidos por esse grupo em Bagdá.

Responsável por terríveis atrocidades e sangrentos atentados, o grupo ultrarradical está sendo atacado em ofensivas no Iraque e na Síria com o objetivo de expulsá-lo das regiões que conseguiu controlar.

Apesar dos reveses sofridos nos últimos meses, o EI mantém sua força de ataque.

Nesta sexta-feira, o grupo extremista reivindicou o ataque suicida que matou mais de 50 pessoas, a maioria civis, perto da cidade síria de Al-Bab. Poucas horas antes, a cidade havia sido retomada das mãos dos extremistas pelos rebeldes e pelas tropas turcas.

Em outro atentado suicida cometido em Al-Bab, dois soldados turcos morreram.

No Iraque, perto da fronteira com a Jordânia, o grupo extremista matou nesta sexta-feira 15 guardas fronteiriços iraquianos, segundo autoridades militares.

Em Mossul, depois de controlar totalmente o aeroporto situado na periferia sudoeste, as forças governamentais entraram nesta sexta-feira em um bairro do oeste da cidade, invadindo o território extremista. Essa foi sua primeira grande vitória na operação lançada no domingo para reconquistar a zona oeste da segunda cidade do Iraque, da qual o EI se apoderou em 2014.

Avanço rápido

O tenente das unidades de elite antiterroristas, Sami al-Aridhi, anunciou que depois de tomar a base de Ghazlani próximo ao aeroporto e uma aldeia a sudoeste da cidade, seus homens haviam entrado em um bairro residencial do oeste de Mossul.

“Atacamos e retomamos o controle total da base de Ghazlani, assim como de Tal al-Rayan, e estamos atacando o bairro de Al-Maamun”, declarou.

Os soldados e policiais iraquianos encontraram pouca resistência por parte dos extremistas no aeroporto, inutilizado desde que o EI expulsou o Exército de Mossul e da região em junho de 2014, em uma ofensiva relâmpago que lhe permitiu proclamar um califado entre Iraque e Síria.

O tenente Aridhi informou que na aldeia de Tal al-Rayan também havia ocorrido um ataque suicida contra as tropas iraquianas, embora sem deixar vítimas, e que haviam sido encontrados outros três veículos com explosivos.

No setor, podiam ser ouvidos disparos de artilharia e morteiros, enquanto os aviões realizavam bombardeios, segundo correspondentes da AFP.

Além do apoio aéreo da coalizão internacional antiextremista, liderada pelos Estados Unidos, Washington apoia as forças de Bagdá com assessores militares.

Bombardeios iraquianos na Síria

Dois mil combatentes do EI permanecem na cidade, segundo estimativas da Inteligência americana.

A batalha pelo oeste de Mossul se anuncia como uma das mais sangrentas contra o EI.

A ONU e as ONGs expressaram sua preocupação com as 750.000 pessoas que vivem neste setor da cidade. Suas condições de vida são cada vez mais precárias nessa zona isolada do exterior e à qual não chegam suprimentos.

Todas as pontes sobre o rio Tigre que une o leste e o oeste da cidade foram destruídas e, segundo fontes médicas e habitantes da cidade, os mais fracos começam a morrer de desnutrição e pela falta de medicamentos.

Na sexta-feira, a Força Aérea iraquiana bombardeou posições do grupo extremista na vizinha síria, anunciou o premiê Al-Abadi em um comunicado.

“Ordenamos ao comando da Força Aérea que bombardeie as posições dos terroristas do Daesh (nos setores) de Huseibeh e Bukamal, em território sírio”, declarou, usando o acrônimo em árabe do EI.

A operação foi “um sucesso”, disse antes de acrescentar, sem mais detalhes, que os alvos tinham relação com os atentados recentes de Bagdá.