As forças iraquianas prosseguiam nesta quinta-feira combatendo os últimos focos de resistência dos radicais do grupo Estado Islâmico (EI) no leste de Mossul.

Estas operações são realizadas em duas zonas do nordeste da cidade, onde estão situados os palácios presidenciais e um hotel, informou à AFP o general Abdulghani al Assadi, chefe das unidades de elite antiterroristas iraquianas, a CTS.

“Estavam ocorrendo enfrentamentos entre franco-atiradores e homens com metralhadoras, mas a aviação da coalizão internacional (sob comando americano) pôs fim a isso e nossas unidades vão poder acabar com a operação de limpeza”, segundo o general.

Na quarta, os militares anunciaram que a parte leste de Mossul foi “libertada” em sua totalidade pelas forças iraquianas.

O primeiro-ministro iraquiano, Haider al Abadi, destacou “os esforços destas valentes forças” que “conseguiram completar a limpeza da margem esquerda” do rio Tigre em Mossul.

O EI ainda controla a parte oeste da cidade, na margem direita do rio, onde está localizada a cidade velha, um labirinto de becos e ruelas impossível de percorrer pelos veículos militares.

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É nesta parte que os extremistas são melhor implantados.

O general de brigada iraquiano Yahya Rasool explicou à AFP que, apesar do anúncio de Sheghati, ainda haverá novos combates no leste de Mossul nos próximos dias.

Especialistas acreditam que não há mais dúvidas sobre o desenlace da batalha de Mossul.

“A cidade está cercada e o Estado Islâmico não tem mais opções que combater ou se render”, disse Omar Lamrani, especialista do grupo de reflexão americano Stratfor. Mas – advertiu – “isto não quer dizer que a retomada de Mossul será o fim da insurreição”.

Dezenas de milhares de forças iraquianas e curdas lançaram em 17 de outubro uma operação militar para retomar o último grande reduto no EI no Iraque, com o apoio da coalizão internacional liderada por Washington.

O grupo extremista, responsável por numerosas atrocidades nos territórios que controla, havia tomado Mossul em junho de 2014, graças a uma grande ofensiva no norte e no oeste do Iraque, onde autoproclamou um califado.

As forças iraquianas, cujas CTS são a ponta de lança, entraram em Mossul em novembro e avançam, desde então, lentamente frente a feroz resistência dos extremistas islâmicos.

Os combatentes finalmente atingiram o rio Tigre no início de janeiro.

As autoridades iraquianas e americanas disseram que a resistência do EI tinha diminuído nas últimas semanas e que seus ataques suicidas usando caminhões-bomba eram cada vez menos eficazes.

Na vizinha Síria, uma aliança árabe-curda, apoiada pelos Estados Unidos, realiza desde 10 de dezembro uma ofensiva para retomar a cidade de Raqa, o principal reduto do EI neste país.

Mossul fica 350 km a noroeste de Bagdá, no norte do Iraque, e tinha uma população estimada em quase dois milhões de pessoas quando foi tomada pelos extremistas, em junho de 2014. É o último grande reduto urbano do grupo Estado Islâmico no Iraque.


Segundo o gabinete de análises IHS Markit, o EI perdeu em 2016 quase um quarto (23%) do território que controlava no Iraque e na Síria, um retrocesso que ameaça sua “coesão”.

Entre janeiro de 2016 e o final do ano, a superfície do “califado” proclamado pelo EI nos dois países passou de 78.000 km2 para 60.400 km2, uma zona comparável à metade da Coreia do Norte, informou a IHS, sediada em Londres.

Em 2015, o território controlado pelos jihadistas já havia sido reduzido em 14%, passando de 90.800 km2 para 78.000 km2.

“O EI tem registrado perdas territoriais sem precedentes em 2016, principalmente em zonas cruciais para seu projeto de governo”, declarou o analista Columb Strack.


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