15/07/2016 - 18:00
Quem foi criança nos anos 90 (ou teve filho pequeno naquela época) se lembra bem do Pokémon. O desenho infantil japonês que passava na tevê de 95 países virou, em pouco tempo, uma febre no mundo inteiro. Como todo fenômeno pop, logo se transformou em marca e espalhou milhares de produtos licenciados, de cartas a jogos eletrônicos, por diversas prateleiras. Nesses 20 anos, gerou 4,8 trilhões de ienes, o equivalente a US$ 45,5 bilhões. Agora adulta, a geração que cresceu junto com criaturas como o Pikachu experimentou uma mistura de nostalgia com entusiasmo depois do lançamento do Pokémon Go, aplicativo que se tornou mania na semana passada. São esses monstrinhos e não o encanador Mario, personagem mais popular da empresa, que a Nintendo escolheu para protagonizar um de seus primeiros jogos para smartphones e que acabou impulsionando em US$ 7,5 bilhões seu valor de mercado em apenas dois dias.
O sucesso foi tão estrondoso que, embora ainda restrito a Estados Unidos, Austrália, Nova Zelândia e Reino Unido, usuários de outros países conseguiram instalá-lo em versões piratas e fizeram apelo para que a versão oficial não demorasse a chegar – caso do prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes. Isso porque a brincadeira incentiva os fãs a saírem pelas cidades em busca de Pokémons virtuais que, olhando pela tela do celular, aparecem em cenários reais. A ferramenta usada é a da realidade aumentada (RA), que não é exatamente nova. Segundo o especialista em tecnologia Rob Enderle, de Bend, nos EUA, os jogos virais costumam ter três elementos em comum: são fáceis de aprender, os usuários gostam de compartilhar que estão jogando e as outras pessoas podem vê-los jogar. “Esse último item é o motivo por que muita gente se surpreendeu com a demora para um jogo de realidade aumentada estourar”, disse à ISTOÉ. “Brincar com a RA oferece uma experiência bem mais visual, do ponto de vista de um observador de fora, do que algo como Angry Birds (jogo de celular que virou até filme).”
O ciclo de popularidade desses jogos varia de três a 12 meses, mas a febre do Pokémon Go é tanta que os especialistas esperam que ela seja mais duradoura. “Os jogadores devem continuar engajados por mais algum tempo se a Nintendo adicionar novos níveis de dificuldade”, afirma Peg Fitzpatrick, co-autora do livro “The Art of Social Media” (“A Arte da Mídia Social”, numa tradução livre para o português). É tudo o que a gigante japonesa, que vinha perdendo espaço para a Sony, dona do PlayStation, e a Microsoft, do Xbox One, precisava para se reinventar.