A presidente afastada, Dilma Rousseff, afirmou nesta segunda-feira, 29, que, durante o seu governo, foram feitas auditorias anuais sobre o programa Bolsa Família, para identificar irregularidades entre os beneficiários. Segundo ela, em 2014, por exemplo, 1,3 milhão de pessoas estavam “desenquadradas e foram retiradas antes da eleição”.

Dilma encerrou a sua resposta ao senador Ataídes de Oliveira (PSDB-TO), que foi o 25º a questionar a presidente, dizendo mais uma vez que considera que o devido processo legal do impeachment não está sendo respeitado.

O senador disse, ao fazer o seu questionamento a presidente Dilma, que o “diabo mora nos detalhes” e que a presidente pode perder mandato diante de dois crimes que constam no pedido e “de outros que possam vir”.

Ataídes disse que preferia não fazer perguntas, mas que “o povo quer saber por que o Fies foi usado para ganhar as eleições”. Segundo ele, os programas sociais “foram utilizados tão somente para ganhar as eleições.”

O senador destacou ainda que a política econômica de Dilma foi equivocada e que hoje o Brasil “deve R$ 4 trilhões”. “E em 2010, a dívida era de R$ 1,6 trilhão. O governo do PT gastou um rio de dinheiro”, afirmou, destacando que o presidente em exercício Michel Temer “pegou uma herança maldita, vai ter que trabalhar muito” para tirar o país da crise.

Lei de Cotas

A presidente afastada afirmou que o Brasil teve ganhos substanciais com a Lei de Cotas, “que permite que todos aqueles de renda baixa e que tenham cursado o ensino público possam acessar a universidade”. “Mudou a cor da universidade pública, tornando mais democrática, sem diminuir a qualidade”, disse.

A petista disse ainda que há uma literatura variada sobre desigualdade social e afirmou que a saída do Reino Unido da União Europeia está ligada à piora da desigualdade do país, em meio a um aumento da renda total. “A mesma coisa ocorre nos Estados Unidos, com certos fenômenos eleitorais”, afirmou Dilma.

A presidente afastada também mostrou orgulho do programa Mais Médicos. “Como vamos explicar aos 63 milhões de brasileiros que tiveram, pela primeira vez, acesso a atendimento médico?”, questionou.