As medidas anunciadas esta semana pelo Banco Central para reduzir o custo do crédito e melhorar a eficiência do sistema financeiro não devem dar maior impacto para o mercado de empréstimos no curto prazo, mas podem ter efeitos positivos para o sistema financeiro no médio prazo, avalia a agência de classificação de risco Fitch Ratings.

Para a Fitch, variáveis macroeconômicas devem permanecer determinando o crescimento do crédito e a lucratividades dos bancos em 2017. A demanda por empréstimo no varejo segue baixa no Brasil, na medida em que as famílias continuam endividadas. O ambiente econômico doméstico é “desafiador”, com taxa de desemprego em elevação e a recessão que ainda não dá sinais de terminar. Esse cenário deve seguir pesando na confiança dos consumidores e a expectativa é que os bancos vão seguir cautelosos em liberar crédito.

As medidas do BC sinalizam comprometimento da instituição para fortalecer o ambiente regulatório e estimular a capacidade dos bancos para emprestar recursos, destaca a agência de classificação de risco. Na última terça-feira, 19, foi anunciada a “Agenda BC+”, que prevê a implementação de medidas para tornar o crédito mais barato, aumentar a educação financeira, a modernização financeira, além de tornar o sistema financeiro mais eficiente. A Fitch mantém uma perspectiva negativa para os bancos brasileiros em 2017.

“É difícil determinar os efeitos precisos destas medidas em bancos individuais e no sistema financeiro, na medida em que não foram anunciados detalhes sobre as políticas específicas que serão parte do plano”, afirma a Fitch. Também há dúvidas sobre as mudanças legislativas e na política econômica como um todo que serão necessárias para o BC alcançar seus objetivos.

“A Fitch acredita que os objetivos são amplamente positivos para melhorar a capacidade institucional e para o desenvolvimento do sistema financeiro”, afirma o relatório. No conjunto, as medidas podem fornecer aos bancos um ambiente operacional mais “robusto”, destaca o relatório, citando medidas como a criação da duplicata eletrônica para que mais ativos sejam utilizados como garantia de empréstimos e a intenção do BC de diminuir gradualmente a complexidade operacional do depósito compulsório.

A Fitch ressalta que a iniciativa do BC faz parte de um objetivo mais amplo do governo do presidente Michel Temer de reduzir o custo do crédito para o tomador final, estimulando a procura por empréstimos e consequentemente a atividade econômica. Entre as medidas para alcançar esse objetivo, a Fitch cita a possibilidade de usar até 10% do FGTS como garantia para operações de crédito.

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Para a agência de classificação de risco, este tipo de medida pode ajudar a reduzir o custo do crédito no varejo no médio e longo prazo. Mas no curto prazo não deve ter efeitos significativos. A Fitch ressalta ainda que impactos na lucratividade dos bancos e nos ratings das instituições financeiras destas medidas também são improváveis dentro do futuro previsível.


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