A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) empossou nesta noite (20) a nova diretoria da entidade durante assembleia geral dos sócios. O físico Ildeu de Castro Moreira assumiu o cargo de presidente. Ele substitui a bióloga Helena Nader, que estava à frente da entidade desde 2011.

A assembleia foi realizada durante a 69ª Reunão Anual da SBPC, que ocorre ao longo dessa semana no campus da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em Belo Horizonte. Trata-se do maior evento científico do Hemisfério Sul, com uma programação extensa de conferências, mesas-redondas e apresentação de trabalhos científicos, entre outras atividades.

Professor e pesquisador Instituto de Física da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Ildeu era vice-presidente da última gestão da SBPC e foi o único candidato à presidência. Ele recebeu 980 votos dos associados da entidade em eleição ocorrida no mês passado. Houve, ainda, 73 em branco e 48 nulos. Sua gestão vai, inicialmente, até 2019, quando haverá novas eleições e ele poderá se recandidatar.

Em seu pronunciamento, Ildeu listou alguns desafios da nova gestão. Ele manifestou preocupação com os cortes e contingenciamentos de recursos que atingem o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC).

“Esse momento que estamos vivendo é muito grave, uma crise econômica e política com consequências sociais muito séria. E, diante desse quadro, vamos dar continuidade às ações que a SBPC já vem desenvolvendo, junto à sociedade e junto ao Congresso, para que a gente reverta ou, pelo menos, consiga amenizar os graves retrocessos que vêm ocorrendo. Também precisamos prestar nosso apoio às universidades públicas, que estão vivendo um momento muito difícil.”

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O físico terá como vice-presidentes Carlos Roberto Jamil Cury, professor emérito da Faculdade de Educação da UFMG; e Vanderlan da Silva Bolzani, professora do Instituto de Química da Universidade Estadual Paulista (Unesp). Também tomaram posse os conselheiros eleitos e os escolhidos para as secretarias, a tesouraria e demais cargos da diretoria.

Por sua vez, a ex-presidenta Helena Nader recebeu o título de presidente de honra. A honraria é concedida pela SBPC a pessoas de notável saber que hajam prestado relevantes serviços à ciência brasileira.

Criada em 1948, a SBPC dedica-se à defesa do avanço científico e tecnológico e do desenvolvimento educacional e cultural do Brasil. Atualmente, a entidade tem 127 sociedades científicas associadas, de todas as áreas do conhecimento.

Ao final da assembleia, foi colocada em votação dez moções. Entre as aprovadas, a entidade se posicionou contra a redução dos recursos orçamentários do MCTIC e a favor do movimento pela convocação imediata de eleições diretas no Brasil.

Os associados da SBPC também repudiaram a transformação da Universidade Latino-Americana (Unila) em Universidade Federal do Oeste do Paraná (UFOR). Outra moção aprovada foi em defesa da contabilização do tempo dedicado a pós-graduação para fins de aposentadoria.

Movimento pela ciência

Durante a assembleia, Helena Nader pediu a palavra para desmentir rumores de que pretenda se candidatar a deputada federal nas próximas eleições. Nas últimas semanas, portais de notícias publicaram que lideranças científicas estavam avaliando a possibilidade de criar um partido político dedicado exclusivamente às causas da educação, ciência, tecnologia e inovação. Segundo estes veículos, a ideia seria lançar a candidatura de Helena Nader e a legenda atuaria, exclusivamente, no âmbito legislativo, sem concorrer a cargos no executivo.

A ex-presidenta da SBPC, porém, rechaçou veementemente essa possibilidade. “Primeiro, é bom esclarecer que o estatuto da entidade define que ela é uma associação civil sem fins lucrativos, laica e sem caráter político-partidário. A SBPC não é um partido e nem criará nenhum partido. Quem diz que precisamos de um partido da ciência, na minha visão, está fazendo uma ruptura com a ciência. O que nós precisamos é ter um movimento amplo pela ciência”, disse.

Ela lamentou que a notícia tenha virado manchete nacional e ganhado repercussão nas mídias sociais, o que em sua opinião fragiliza o trabalho da SBPC de construção do diálogo com o parlamento. “A Helena não é candidata a nada. Não quero. Se quisesse, já teria feito. Ao longo desse anos, eu fui chamada por vários governos para assumir cargos em Brasília. Eu recusei todos os cargos. Não porque eles não eram nobres. Mas porque eu avaliei que isso desvirtuaria o que era a minha missão”, concluiu.


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