14/10/2016 - 18:00
Feriadão
Enquanto a Câmara discute teto de gastos públicos, um grupo de sete deputados da Comissão de Esporte vai embarcar em uma viagem para Austrália e Nova Zelândia, com duração de 12 dias. Bancados pelos cofres públicos, eles devem embarcar no 1º de novembro, véspera do feriado de Finados. A viagem é, em tese, para conhecer equipamentos esportivos e a política esportiva dos dois países, para embasar um plano nacional de esportes que está sendo debatido na Câmara. O presidente da comissão, César Halum (PRB-TO), organizador da comitiva, diz que o orçamento da Câmara é independente do Poder Executivo e que foi avisado pelo comando da Casa de que a viagem está autorizada. “Não é por causa da crise econômica que nós vamos parar todas outras coisas em andamento pelo Brasil”, diz.
Intensivão
Após colocar em rua a Operação Greenfield, que investiga fundos de pensão, a força-tarefa de procuradores e policiais trabalha discreta e intensamente. Continuam tomando depoimentos, agora de testemunhas, e recebendo advogados.Trabalham com a meta de apresentar as primeiras denúncias à Justiça até o fim do ano.
Vai falar?
Eduardo Cunha (PMDB-RJ) entregou uma procuração ao advogado Marlus Arns, de Curitiba, que já acompanhava as investigações contra sua mulher Cláudia Cruz. Seria só mais um na sua equipe jurídica, não fosse por um detalhe: Marlus se especializou em delação premiada, tendo até doutorado sobre o tema. Cunha, porém, ainda não decidiu delatar.
Nunca vi mais gordo
Apontado como operador de Renan Calheiros (PMDB-AL), o lobista Milton Lyra teve a primeira vitória na Lava Jato. Participou de acareação com o delator Carlos Alexandre de Souza Rocha, o Ceará, transportador de dinheiro para o doleiro Alberto Youssef, que havia dito ter “90%” de chance de ter entregado grana a Milton Lyra. Cara a cara, Ceará disse que “nunca viu Milton Lyra” antes dessa acareação.
Rápidas
* Os procuradores do DF esperaram passar as eleições para apresentar a última denúncia contra Lula, pelo caso da Odebrecht em Angola. Não queriam ser acusados de politizar a investigação para coincidir com a semana do pleito, que teve o PT como grande derrotado.
* Voz dissonante na economia brasileira, o professor Felipe Rezende, da Hobart and William Smith Colleges, tem sido atacado por falar contra a PEC do teto dos gastos. À coluna, um colega o chamou de “astrólogo”.
* Na primeira ação penal em que Lula é réu, por obstrução da Lava Jato, a 10ª Vara Federal do DF pediu que advogados avisem com cinco dias de antecedência se os réus irão presencialmente à primeira audiência, em 8 de novembro.
* “Esta comunicação é necessária para que esta Seção Judiciária resguarde a integridade física dos denunciados, evitando tumultos, e até para projeção de lugares na sala de audiência”, justificou a 10ª Vara.
Retrato falado
“Não é retaliação, quem está no governo tem que ter lado”
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), comemorou o resultado da articulação do governo em prol da PEC 241, que limita os gastos públicos. Maia ressaltou que “tudo que é feito com planejamento dá certo” e apontou como acertado o adiamento do debate sobre a reforma previdenciária. Crítico das traições em meio à votação, ele disse que é hora de “dialogar”, mas deu seu recado à coluna: “se não apoia as duas principais agendas do governo, não deveria estar nele.”
Toma lá dá cá
CARLOS SIQUEIRA, PRESIDENTE NACIONAL DO PSB
Entre os aliados, o PSB foi o partido que mais votou contra a PEC 241. O que o sr. achou da reação do Planalto?
Dois terços do PSB votaram com o governo. É extremamente positiva a decisão do presidente de chamar os parlamentares. Conversar não faz mal a ninguém. Ao contrário, é extremamente salutar na política.
Isso pode interferir na autonomia do PSB?
De forma alguma. Não há como imaginar uma quebra de autonomia.
O PSB teme perder o Ministério de Minas e Energia?
Nossa postura sempre foi a de colocar nossos quadros à disposição. Não pedimos ministério. Mas o Temer fez questão da participação do PSB e creio que continuará fazendo. Não vejo por que mudaria.
Empresários no BRICS
Executivos brasileiros esperam sair da reunião da cúpula dos BRICS com um novo cenário para os investidores estrangeiros. Além de um acordo para facilitar os investimentos entre os países do bloco e a participação na escolha das prioridades do Novo Banco de Desenvolvimento, os empresários elaboraram uma pauta nacional. Reunidos na Índia, eles levarão ao vice-presidente do órgão, Paulo Nogueira Batista, o pedido para a abertura de um escritório regional no Brasil, que atenda toda a América do Sul. A sede do banco é em Xangai, na China. Entre os empresários que representam o País estão executivos da CNI, Banco do Brasil, Vale, Weg, Gerdau e Marcopolo.
Procura-se fiador
Outro pleito a Nogueira Batista será para que, em projetos relacionados ao Brasil, o banco atue como fiador. Segundo o gerente-executivo de Comércio Exterior da CNI, Diego Bonomo, após obter empréstimos junto ao BNDES, “a maior dificuldade dos empresários é encontrar garantidores do empreendimento”.
Polêmica à vista
Os assessores do ministro do Desenvolvimento Social, Osmar Terra (PMDB-RS), bem que tentam, mas ele não se esquiva de temas espinhosos. Parceiro histórico das comunidades terapêuticas no Congresso, Terra tem sido procurado para apoiar o grupo em políticas de combate às drogas. Fonte quase certa de polêmica, a pauta assusta seu entorno.
Ameaças
Encabeçado pelo ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha (foto), o tom ameaçador adotado pelo governo diante das traições na votação da PEC dos gastos públicos tem dois objetivos. A curto prazo, pretende reverter votos no segundo turno. Mas, sobretudo, quer garantir que o Planalto não será abandonado na votação da reforma da Previdência
Hay PT, soy contra
Ávido opositor petista, o deputado paranaense Evandro Roman (PSD) tem militado ativamente nas redes sociais pela aprovação do novo regime fiscal. De seu celular pessoal, o parlamentar dispara memes com o texto “PEC 241 – Não precisa você entender a PEC. O PT é contra? Então é bom para o Brasil”.
Fotos: SunflowerEY; Zanone Fraissat/Folhapress; Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil; Antonio Cruz/Agência Brasil; Leila Nunes