Não vale para as autoridades brasileiras, na área da saúde pública, o ditado que diz que “só se coloca tranca depois da porta arrombada”. E não vale porque, no País, a porta nem precisa ser forçada – a chave é dada diretamente aos mosquitos transmissores de vírus, tamanho o desleixo daqueles que deveriam cuidar do assunto. Na semana passada ficou claro: o que era no Brasil um surto de febre amarela virou epidemia – mais de seiscentos casos estão sendo investigados e há pelo menos cento e dez mortos (Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo, Bahia, Goiás e Mato Grosso do Sul são os estados mais afetados). A situação deve piorar após o carnaval, festa que congrega em um só bloco muita gente, muita chuva, muito calor e… muito Aedes aegypti. Na quinta-feira 26 o Ministério da Saúde anunciou, tardiamente, que 11,5 milhões de vacinas serão liberadas, depois que o Rio de Janeiro fixou que só toma vacina no estado quem comprovar que vai para Minas Gerais, o ponto mais infectado. Não dá para entender (desculpe, no Brasil dá para entender) porque se deixa chegar a esse ponto, para então implementar-se a vacinação. Nada se aprendeu com o estrago que a febre amarela fez no Rio de Janeiro no início do século passado, com a 8proliferação do vírus no Acre em 1942 e com o surto de 2003. A profilaxia dada pela OMS é simples: onde for encontrado um macaco morto, é provável que haja nas proximidades o vírus silvestre (transmitido pelo mosquito Haemagogus). Se a vacinação for então mantida constantemente, o vírus será inofensivo quando chegar às áreas urbanas (transmissão é pelo Aedes). Nos últimos dias o Ministério da Saúde dizia que tudo está sob controle. Vale a pena o engenheiro civil Ricardo Barros seguir o que o epidemiologista Osvaldo Cruz ensinou: na saúde pública a informação correta é exigência do rigor científico e da boa terapêutica.

ECONOMIA
Cartão sem extorsão

Para acabar com os juros extorsivos cobrados pelos cartões de crédito, o Conselho Monetário Nacional estabeleceu o limite de 30 dias para o uso do rotativo. Vale a partir de 3 de abril. Pela nova regra, se o consumidor não quitar o valor da fatura, os juros do rotativo só serão cobrados até o limite de um mês. Após esse período, terá de ser feito ao cliente um plano parcelado que lhe seja mais vantajoso para pagar a dívida.

PERSONAGEM
A nossa cientista da supernova

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Dessa vez não são as palestras de nenhum cientista estrangeiro a atração mais aguardada da Campus Party, o mais importante evento mundial nas áreas da ciência e da tecnologia (será realizado em São Paulo a partir da terça-feira 31). A grande estrela da Campus Party 2017 é brasileira, chama-se Duilia de Mello e desenvolve junto à Nasa diversas pesquisas em astrofísica. Conceituada internacionalmente, foi ela quem surpreendeu a comunidade científica ao anunciar a descoberta de uma supernova (explosão de estrelas). Duilia (muito mais reconhecida nos EUA do que no Brasil) atua também no programa Goddard Space Flight Center.

SOCIEDADE
Banir Paulo Coelho? O azar é deles

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O obscurantismo continua vencendo a cultura na Líbia. Paulo Coelho, o escritor brasileiro mais traduzido em todo o mundo, teve seus livros apreendidos sob a acusação de serem “contrários ao Islã”. Ele está em boa companhia: também Naguib Mahfuz foi censurado. Paulo Coelho tem 1.098 traduções, mais que o dobro de José Saramago com 534.

24 quilates

é a quantidade de ouro que banha cada fivela dos cintos de segurança do avião particular do recém empossado presidente dos EUA, o conservador Donald Trump. Esse índice de quilates equivale à qualidade do ouro puro, raro em todo o mundo, inclusive nas mais caras, tradicionais e sofisticadas joias.

JUSTIÇA
Cabeleireiro brasileiro impõe regras ao Brexit

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A Suprema Corte Britânica foi criada em 1876. Pela primeira vez todos os seus onze ministros foram reunidos para votar uma questão: o rito do brexit. Decidiram que a premiê Theresa May não tratará sozinha da saída do Reino Unido da UE: ela terá de obter aprovação parlamentar nas negociações. A decisão da Corte (após três rodadas de chá) não altera o7 desligamento do Reino Unido, apenas impede que May dê as cartas e não dê satisfação a ninguém. Assinou a ação pedindo a inclusão do Parlamento o cabeleireiro brasileiro Deir dos Santos, que trabalha em um salão em Londres. Ele votou pelo brexit.