Representantes das farmácias do Uruguai se reuniram com o governo nesta quarta-feira para encontrar alternativas na venda de maconha estatal, depois que o setor bancário notificou que não irá trabalhar com comércios relacionados a sua produção e venda.

“Não se vislumbra que essas farmácias possam continuar operando dentro do sistema bancário tradicional”, disse a jornalistas o advogado do Centro de Farmácias do Uruguai (CFU), após se reunir com o titular da estatal Junta Nacional de Drogas, Juan Andrés Roballo, para tentar destravar a inesperada situação.

Durán assinalou que o sindicato maneja agora alternativas como a possibilidade de que as farmácias envolvidas possam abrir contas em cooperativas de poupança e crédito ou em redes de cobranças de contas, dois setores muito extensos no Uruguai.

O governo citou outra reunião para “nos fazer uma proposta concreta” para que as farmácias possam continuar vendendo maconha, afirmou.

A preocupação dos farmacêuticos é grande depois que os bancos privados anunciaram a sua negativa de operar com os comércios que se dedicarem à venda de maconha e de que um, o banco Santander, resolver fechar as contas desses clientes. Mas se tornou ainda maior depois que o estatal Banco República se somou à restrição.

Os bancos justificam a sua postura de que a nível internacional a venda de drogas é criminalizada e as normas financeiras em outros países impedem a relação e o recebimento de fundos provenientes dessa atividade.

Até o momento, apenas 16 farmácias se inscreveram e estão habilitadas a vender maconha produzida por particulares, mas sob o controle do Estado, segundo uma polêmica lei aprovada em 2013.

Mas para não ficarem excluídas do setor financeiro, várias consideram sair do sistema controlado pelo Instituto de Regulação e Controle da Cannabis (IRCCA).

Isso seria um duro revés para a lei e a política oficial das drogas uruguaias, que deveria reformular a sua estratégia de venda.

A venda em farmácia começou em 19 de julho, culminando na aplicação da lei aprovada durante a presidência do ex-guerrilheiro José Mujica. Essa lei também permite o cultivo para consumo próprio e os clubes para ter acesso à droga.

Inicialmente eram 5.000 os registrados, mas em 15 dias o número de compradores habilitados superou os 11.000. Podem ter acesso a 40 gramas de maconha por mês – 10 gramas por semana – ao preço oficial de 1,30 dólar por grama.