O físico alemão Albert Einstein (1879-1955) tinha apenas 26 anos quando formulou a teoria da relatividade. Ela expôs com clareza a relação matemática entre energia e matéria, até então tidas como entidades distintas. A fórmula E=mc2 (onde “E” é energia, “m” massa, e “c” a velocidade da luz) foi publicada dentro de uma série de artigos escritos por Einstein em 1905, quando ele trabalhava no Departamento de Patentes em Berna, na Suíça. A equação foi comprovada quarenta anos mais tarde e da forma mais destrutiva possível, com a explosão de duas bombas atômicas lançadas pelos Estados Unidos sobre o Japão. Mas foi a teoria da relatividade geral, formulada na década seguinte, que permitiu a Einstein redefinir os conceitos de tempo, espaço e gravidade. Ela forçou uma revisão de noções da física que eram válidas desde os gregos, passando por Isaac Newton (1643-1727). A revolucionária teoria também projetou sobre seu criador uma sombra que o acompanharia por toda a vida.

“Em sua teoria de 1915, ele estivera certo quando todos os outros estavam errados. Não se deixaria enganar outra vez” David Bodanis, biógrafo de Einstein
“Em sua teoria de 1915, ele estivera certo quando todos os outros estavam errados. Não se deixaria enganar outra vez” David Bodanis, biógrafo de Einstein

BURACOS NEGROS

A imagem de excêntrico, os cabelos desgrenhados e a língua de fora são clichês tão difundidos quanto sua mente brilhante. “Gênio e arrogância, triunfo e fracasso, podem ser inextricáveis”, afirma o premiado autor David Bodanis no recém-lançado “Einstein: Biografia de um Gênio Imperfeito” (Zahar). O livro tem o mérito de acrescentar aos já anedóticos aspectos da vida de Einstein (como o desrespeito às mulheres e o desinteresse pelos filhos) uma face ainda obscura: a do homem que teme errar depois de ter vacilado diante de sua maior descoberta. A “tolice”, como ele chamaria mais tarde, ocorreu em 1917. Evidências astronômicas que pareciam contradizer sua teoria da relatividade o levaram a incluir uma variável incorreta em
sua fórmula incrivelmente simples, que assim perdia parte da poesia e encantamento — além de se tornar equivocada. Einstein percebeu o erro rapidamente, mas a catástrofe já estava feita.

A partir daquele engano, o gênio da física teórica decidiu jamais seguir evidências experimentais e se recusou a aceitar que outros estivessem certos ao fazê-lo. As muitas implicações dessa teimosia custaram caro — para Einstein e para o mundo. Ele não aceitou descobertas válidas de uma geração posterior de físicos experimentais e assim foi se isolando da comunidade científica.

O livro que detalha como um homem tão sábio foi incapaz de lidar com a possibilidade de estar errado chega no momento em que a vida de Einstein é tema de uma série de TV (“Genius”) e em meio a uma onda de livros escritos por físicos que tentam traduzir o impacto de teorias complexas, caso da mecânica quântica e dos buracos negros. “Eisntein iria revolucionar a física de maneiras que ainda estamos tentando dominar”, afirma Bodanis. Sem Einstein, estaríamos atrasados em pelo menos um século. Caso sua arrogância não o impedisse de colaborar com outros gênios, é bem provável que a ciência atual já estivesse mais um século à frente.

Na TV, um retrato fiel ao mito

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Divulgação

Em exibição desde o final de abril no canal pago National Geographic, a série em dez episódios “Genius: a Vida de Einstein” adapta para a TV a famosa biografia escrita por Walter Isaacson, “Einstein: His Life and Universe”. Dirigida por Ron Howard (de “Uma Mente Brilhante”), a série mostra os lampejos criativos, os conflitos familiares, estudantis e políticos do protagonista, interpretado por John Flynn (jovem) e Geoffrey Rush (adulto). Os episódios estão disponíveis no Now.

Livros explicam física teórica

75“A Teoria Perfeita” (Companhia das Letras)
Doutor em física pelo Imperial College de Londres, o português Pedro G. Ferreira traduz para leigos a complexa teoria da relatividade

 

 

 

 

 

 

76“A Realidade Não É o que Parece” (Objetiva)
O físico italiano Carlo Rovelli desvenda o estudo da gravidade quântica, tido como grande desafio da ciência contemporânea