Apontada como a terceira maior facção do país, atrás apenas do PCC e do Comando Vermelho, a Família do Norte do Amazonas matou cerca de 56 detentos do Complexo Penitenciário Anísio Jobim, o Compaj. Inicialmente, a informação oficial era de que 60 presos tinham sido mortos – o número foi corrigido na noite de segunda-feira pela Secretaria de Segurança Público do Amazonas. As mortes estão relacionadas com a disputa entre a FDN e o PCC. Para os investigadores ouvidos pela reportagem, não se trata de um rebelião e sim de um “limpa geral” da FDN contra integrantes da facção paulista no Amazonas.

A FDN atua no tráfico de drogas, em especial de cocaína, na região Norte do país por meio do domínio da “rota do Solimões”, responsável por escoar toda a droga produzida no Peru e Bolívia para os centros consumidores no Brasil e no exterior. Aliada do Comando Vermelho, a FDN foi alvo da operação La Muralla da Polícia Federal em 20 de novembro de 2015. Os principais líderes da facção foram presos e transferidos para presídios federais.

Na investigação que deu origem à La Muralla a Polícia federal já havia mapeado a disputa entre as duas facções. Em pouco mais de 06 meses de investigações, segundo a PF, “foram interceptadas e analisadas mais de 1 milhão e cem mil mensagens e chamadas telefônicas relacionadas a todo tipo de práticas criminosas, sendo coletados importantes elementos de informação e de prova de crimes como tráfico internacional de drogas, tráfico de armas, lavagem de dinheiro, evasão de divisas, homicídios, sequestros, torturas, corrupção de autoridades públicas e outros conexos, que são praticados e/ou planejados diariamente por praticamente por seus membros.”

Durante a investigação também foram realizadas 11 grandes apreensões de aproximadamente 2,2 toneladas de drogas, avaliadas em mais de 18 milhões de reais, além de armas de fogo de grosso calibre, que incluem submetralhadoras 9mm e granadas explosivas de mão.

Assim como outras facções, a FDN possui um estatuto próprio com os “pilares de hierarquia e disciplina, para difusão através de extrema violência aos detentos do sistema prisional amazonense”. A regra número um é que nada é feito ou definido sem a ordem ou aprovação de seus fundadores e principais lideranças que são: Gelson Lima Carnaúba, vulgo “G” e José Roberto Fernandes Barbosa, antigo traficante do bairro Compensa, conhecido pelas alcunhas de “Z”, “Messi” e/ou “Pertuba”.

Governo monta força-tarefa para investigar massacre em presídio de Manaus

O governo do Estado do Amazonas decidiu criar uma força-tarefa para investigar o massacre no Complexo Penitenciário Anísio Jobim. Equipes de três delegacias deverão coordenar o trabalho com objetivo de identificar os envolvidos nos assassinatos.

Segundo nota enviada pela administração, a criação da força-tarefa ocorreu por orientação do Comitê de Gerenciamento de Crise do Sistema de Segurança, que conta com integrantes de mais de 20 órgãos federais, estaduais e municipais e acompanha a situação do Sistema prisional da capital. A delegacia de homicídios e sequestros, a seccional oeste e o 20° Distrito Integrado de Polícia (DIP) participam da operação.

O objetivo inicial é identificar as lideranças da facção Família do Norte, que coordenou o ataque contra integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC), para responsabilizá-los criminalmente. “Todo o trabalho será iniciado a partir das imagens de câmeras do circuito interno de segurança da penitenciária. Eles também vão colher depoimentos de presos e de agentes penitenciários da unidade”, disse o delegado-Geral Francisco Sobrinho.