16/03/2017 - 7:47
Vista como um desafio para a União Europa, a eleição na Holanda deu vitória ao líder dos liberais, Mark Rutte, que conseguiu se reeleger ao cargo de primeiro-ministro e derrotar o movimento de extrema-direita que ganhara força no país com Geert Wilders.
De acordo com a apuração dos votos, os liberais do VVD ficaram com ao menos 31 cadeiras no Parlamento, enquanto o Partido para a Liberdade conseguiu 19 assentos, de um total de 150 na Casa, e empatando com outras duas legendas. “Que noite! Conseguimos parar o populismo errado”, comemorou o premiê no Twitter. Mesmo com a derrota, Wilders, que prometia tirar a Holanda da União Europeia e adotar medidas contrárias à imigração, tornou-se a segunda maior força dentro do Parlamento.
“Obrigado aos meus eleitores. Ganhamos cadeiras. Rutte não se desfez de mim”. O resultado foi celebrado pela Europa, que temia que as eleições da Holanda abrissem caminho para novos partidos extremistas e nacionalistas. “Foi um bom dia para a democracia”, comemorou a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, que também enfrentará uma onda populista nas eleições de seu país.
Os resultados na Holanda também asseguraram um bom desempenho na abertura dos mercados europeus nesta quinta-feira (16). A Bolsa de Valores de Amsterdã teve alta de 0,7%, enquanto Londres subiu 0,9%. Em Frankfurt, o aumento bateu 1%, em Milão, 1,5% e, em Madri, 1,54%.
De acordo com a apuração dos votos, os partidos holandeses antiracista Denk e o ambientalista GroenLinks apresentaram crescimentos expressivos nas urnas. O primeiro movimento conseguiu pela primeira vez 2% dos votos e ficou com três assentos. O segundo passou de 2,3% dos votos em 2012 para 9%, acumulando 14 postos.
Turquia.
Desde o fim de semana passado, a Holanda e a Turquia sofrem uma crise diplomátia porque o governo holandês proibiu que dois ministros turcos participassem de um comício em Rotterdam. O avião com o chanceler turco, Mevlut Cavusoglu, foi impedido de pousar e fez Ancara reagir, como convocar os representantes de negócio da Holanda no país e ameaçar com sanções.
Ao comentar sobre as eleições holandesas, Cavusoglu desprezou o pleito e disse que “não há diferença entre os sociais-democratas ou o facismo de Wilders”.
“Todos têm a mesma mentalidade. Vocês deram o início para o colapso da Europa. Estão levando a Europa para um abismo. Em breve, começarão as guerras de religião na Europa”, profetizou o ministro.
O partido de extrema-direita da Itália, a Liga Norte, de Matteo Salvini, disse, por sua vez, que Wilders tem um compromisso forte e é uma figura importante na Holanda. “Wilders é central para o debate. Se não fosse ele, a Holanda não teria impedido o avião dos ministros turcos de aterrissar”, comentou, alegando que “as boas ideias crescem” e que, por isso, o partido holandês foi o segundo mais votado no pleito.
Os líderes europeus esperam que a derrota da extrema-direita holandesa reflita em outros países que passarão também por eleições e onde os movimentos nacionalistas têm ganhado força, como a própria Alemanha e a França.