As atribuições da seleção brasileira ao longo do ano se concentram na maior parte do tempo na sede da CBF, na Barra da Tijuca, no Rio, bem longe dos gramados. É em reuniões da comissão técnica, como análise de planilhas, estatísticas, vídeos e telefonemas em que o treinador Tite se concentra enquanto não está com o elenco, em uma rotina intensa de trabalho responsável por dar base ao sucesso recente da equipe.

Entre o último jogo pelas Eliminatórias, na última terça-feira, contra o Paraguai, até a próxima convocação, para amistosos em junho, os funcionários principais da CBF vão cumprir o mesmo expediente diário a partir das 9 horas na sede da entidade, sem terem horário definido para irem embora. Toda a comissão técnica passa o dia atenta a detalhes minuciosos dos jogadores, desde o tempo em campo pelos clubes até informações nutricionais, fora o estudo dos adversários.

O grupo liderado pelo treinador é de dedicação exclusiva à seleção brasileira. Esse regime é novo e foi instituído por Tite e pelo coordenador de seleções, Edu Gaspar, logo após assumirem os cargos, em junho. “Conseguimos criar uma dinâmica de trabalho muito legal, com responsabilidades, assim como qualquer outro funcionário. Todos os dias despachamos da CBF e temos um trabalho minucioso de observação dos atletas e dos adversários”, disse.

Também compõem a comissão os auxiliares Cleber Xavier e Matheus Bachi, filho do treinador, mais o preparador físico Fábio Mahseredjian. Todos trabalharam com Tite no Corinthians, assim como o assistente técnico Sylvinho, que mora na Itália. O outro componente é o preparador de goleiros Taffarel, que abriu mão do trabalho no Galatasaray para ser exclusivamente da seleção brasileira. “Eu não trabalho sozinho. Tenho toda uma comissão técnica que me ajuda”, exaltou o treinador.

Tite distribui tarefas e cobra dos integrantes o monitoramento dos jogadores brasileiros nos clubes. A CBF alimenta planilhas com os minutos em campo, intervalo entre uma partida e outra pelos clubes, cargas de treino e suplementação nutricional. Caso existam problemas de lesão, a seleção entra em contato com os times para entender qual será o trabalho de recuperação e tentar cuidar da parte machucada.

Nesta última convocação, por exemplo, o Liverpool pediu à CBF para ter cuidado com o tornozelo direito de Philippe Coutinho. A comissão seguiu a recomendação específica e, no último sábado, o técnico do time inglês, o alemão Jurgen Klopp, agradeceu em entrevista o trabalho realizado.

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Parte do trabalho da CBF também inclui viagens para conversar com os clubes e acompanhar os treinos. “O Taffarel conhece a escola italiana de goleiros, viu meus treinos na Roma e notou que eu precisava melhorar o trabalho com os pés”, disse o goleiro Alisson, reserva no clube, mas titular na seleção. “O trabalho do Taffa contribui. Apesar de termos pouco tempo, conseguimos fazer no que eu preciso lapidar”, comentou.

A CBF tem se aproximado dos clubes para estabelecer uma relação colaborativa acerca das informações dos jogadores. Em contrapartida, cada equipe que cede atleta à seleção recebe por e-mail após a liberação do elenco detalhes como a carga de treinos, os minutos em campo, a distância percorrida, porcentual de gordura, tempo gasto em viagem e mudanças de fuso horário. “Fazemos isso para que eles entendam que somos parceiros e não apenas quem só quer tirar o jogador dos clubes. Estamos criando uma relação legal”, disse Edu Gaspar.


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