O ex-presidente Alberto Fujimori, condenado por crimes de corrupção e contra a humanidade, solicitou indulto ao Ministério de Justiça, em meio a pedidos de seus simpatizantes para que o novo governante conceda esse benefício por motivos de saúde.

“Alberto Fujimori apresentou ao Ministério de Justiça um pedido de indulto. Ele tramitará conforme a constituição e a lei”, escreveu neste sábado (23) em sua conta no Twitter o presidente do Conselho de Ministros, Pedro Cateriano. O ministério esclareceu tudo logo que a solicitação foi apresentada na sexta-feira (22).

Os motivos ainda não foram detalhados, trata-se da segunda solicitação formal de indulto vinculada ao ex-governante. Em 2013, sua família também realizou uma solicitação similar, mas o presidente Ollanta Humala rejeitou com base em um relatório médico que indicava que Fujimori, de 77 anos, não reunia as condições de gravidade para receber esse benefício.

Conceder indulto é uma faculdade presidencial, de acordo com a lei peruana.

Na sexta-feira à noite, centenas de cidadãos marcharam no centro de Lima solicitando a liberdade de Fujimori, com simpatizantes que ressaltaram a luta de seu governo contra a guerrilha maoísta Sendero Luminso, que semeou o terror no Peru.

Nos três últimos anos, o ex-presidente deu entrada em repetidas ocasiões em clínicas locais, devido a sua hipertensão e a um tumor na língua, pelo qual já foi operado cinco vezes, e que requer uma avaliação periódica.

Após assumir a presidência em 1990, Fujimori fechou o Congresso dois anos depois, convocou uma Assembleia Constituinte e reabriu o Parlamento em 1995, tomando o controle de todas as instituições do Estado.

Naquele ano foi reeleito e em 2000, após uma nova reeleição, renunciou o cargo em meio a um escândalo de compra de votos parlamentários e de linhas editoriais de meios de comunicação.

Fujimori, na prisão desde 2007, cumpre uma condenação de 25 anos por ser autor imediato do assassinato de 25 pessoas – casos La Cantuta e Barrios Altos – pelas mãos de um esquadrão da morte, durante sua luta contra a guerrilha.

Apesar de no dia 5 de junho sua filha Keiko Fujimori ter perdido por uma apertada margem o segundo turno presidencial contra o economista Pedro Pablo Kuczynski, o partido fujimorista Força Popular conseguiu a maioria absoluta no Congresso, com 73 das 130 cadeiras. A eleição polarizou o país.

Kuczynski, que assumirá a presidência no dia 28 de julho, já adiantou que não dará o indulto ao ex-presidente, ainda que tenha se mostrado a favor de a bancada fujimorista apresentar um projeto de lei que permita a prisão domiciliar a presos com idade avançada e saúde frágil. Assegurou, também, que promulgaria essa norma.