ROMA, 30 ABR (ANSA) – O ex-primeiro-ministro italiano Matteo Renzi venceu as primárias do Partido Democrático (PD) realizadas neste domingo (30). Além de Renzi, estavam no páreo o atual ministro da Justiça, Andrea Orlando, e o governador da Púglia, Michele Emiliano. “Hoje, nós fizemos uma coisa extraordinária. A democracia é a possibilidade de escolher. Agradeço a Andrea Orlando e a Michele Emiliano. Obrigado a todos os amigos e amigas que trabalham no governo do país, a começar por [Paolo] Gentiloni, ao qual tenho sentimento de nossa proximidade e amizade”, disse em discurso em Roma.   

Sobre as críticas que recebe por querer tornar a sigla um “partido pessoal”, Renzi afirmou que “não é algo pessoal quando dois milhões de pessoas vão votar. Posso até ser um líder forte, mas temos uma comunidade fortíssima”. Apesar de comemorar o número acima das expectativas de votantes, os dados deste ano ficaram bem abaixo daqueles registrados em 2013, quando mais de três milhões de pessoas votaram.   

Os números finais da votação ainda não foram divulgados, mas Renzi aparece com mais de 70% dos votos na maior parte das regiões já apuradas – contra pouco mais de 21% de Orlando e quase 8% de Emiliano.   

Com a vitória acima dos 50%, o ex-premier voltará a liderar o PD – cargo que renunciou recentemente por conta da intensa pressão interna. Atualmente, Matteo Orfini era o secretário-geral de maneira interina.   

Renzi havia apostado alto nessas primárias, como uma forma de reforçar sua liderança entre os membros do partido e ter ainda mais força nas eleições gerais na Itália, que devem ocorrer no ano que vem. Em março, durante uma votação só com membros do PD, Renzi havia obtido 65% dos votos. Antes mesmo do resultado começar a ser computado, o ex-premier usou o Facebook para agradecer a todos que foram votar nas primárias.   

“Tive vontade de largar tudo, mas graças ao afeto dos militantes, eu recomecei. Com as seções fechadas, mas antes de saber o resultado, vos devo um gigantesco obrigado”, escreveu.   

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Pouco tempo depois, ele postou no Instagram que liderar novamente a legenda será uma “responsabilidade extraordinária”.   

“Obrigado de coração a essa comunidade de mulheres e homens que acreditam na Itália. Adiante, juntos” , postou em seu Instagram em uma mensagem assinada por ele e pelo ministro das Políticas Agrárias, Maurizio Martina.   

– Confusão no sul da Itália: Apesar da normalidade na maior parte das seções, a votação teve polêmicas nas cidades de Gela e Nardò, no sul do país. Pelas urnas do pleito terem sido colocadas em locais não autorizados pela Comissão da sigla, todos os votos das duas comunas foram anulados.   

As denúncias apresentadas nas duas cidades fizeram até a polícia local intervir para garantir a segurança de quem estava no local. Emiliano anunciou que deverá recorrer da medida.   

“Os casos de fechamento das seções de Nardó e Gela são alvos de protesto e tentam excluir onde nós teríamos vitórias.   

Apresentaremos um recurso porque o voto das pessoas livres não pode ser desprezado”, disse o deputado Dario Ginefra, que atua no comitê de Emiliano. – Apoio e reações: Renzi contou com o apoio de alguns dos nomes mais importantes da política italiana atual, que fizeram parte de seu governo e que agora atuam no governo de Paolo Gentiloni, também do PD.   

A sub-secretária da Presidência do Conselho de Ministros, Maria Elena Boschi, postou uma foto nas redes sociais dizendo estar “feliz por participar de uma grande festa da democracia” e que tinha “votado em Matteo Renzi para andar adiante”.   

Já o ministro dos Bens Culturais, Dario Franceschini, postou no Twitter sua felicidade com a vitória do ex-premier. “Grandíssimo resultado para Matteo e para o PD. Agora todos juntos, poderemos retomar”, escreveu.   

Em entrevista pouco depois, Franceschini ressaltou que “por anos, a centro-esquerda dizia que faltava um líder forte: agora há isso e isso é um elemento positivo também para o governo”.   

– O cenário e a crise : As brigas internas são uma frequente na curta história do PD, mas ganharam força com a ascensão de Renzi à liderança da legenda, no fim de 2013.   

Sustentado por um amplo apoio popular, ele passou a pressionar o então primeiro-ministro Enrico Letta, próximo aos caciques do partido, para acelerar as reformas estruturais que se exigia do país. Em fevereiro de 2014, articulou para derrubá-lo e foi nomeado em seu lugar.   


Desde então, Renzi vive às turras com as facções “puristas” da legenda, que passaram a ser minoria e a acusar o ex-primeiro-ministro de afastar o PD de suas raízes de esquerda, principalmente ao flexibilizar as leis trabalhistas.   

Com a derrota no referendo do dia 4 de dezembro, quando o governo de Renzi submeteu à população uma reforma constitucional e política, Renzi renunciou ao cargo. Para seu lugar, o presidente Sergio Mattarella indicou o nome do ex-chanceler Paolo Gentiloni, que foi aprovado no Parlamento. (ANSA)


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