O ex-diretor da Eletrobras Valter Cardeal, tido como próximo à presidente afastada Dilma Rousseff, teve “papel ainda não esclarecido” na negociação de descontos nas obras de montagem eletromecânica da Usina Nuclear Angra 3, em construção no litoral sul do Rio, segundo as investigações da Operação Pripyat – deflagrada nesta quarta-feira, 6, pela Polícia Federal (PF) e pelo Ministério Público Federal (MPF).

Segundo o procurador da República Lauro Coelho Jr., as investigações ainda não chegaram a uma conclusão sobre qual a função de Cardeal no esquema, mas ele estaria envolvido no pedido e no pagamento de propinas, tanto para os funcionários da Eletronuclear que recebiam recursos indevidos quanto para o “núcleo político”.

Nenhum dos alvos da operação tem prerrogativa de foro, segundo Coelho Jr. O procurador evitou responder se as investigações da Pripyat colheram alguma informação sobre pessoas com foro privilegiado, mas frisou que as apurações sobre o envolvimento de políticos no esquema de propinas da Eletronuclear, descoberto pela 16ª fase da Operação Lava Jato, denominada Radioatividade, foram transferidas para a Procuradoria Geral da República, em Brasília.

Cardeal foi conduzido coercitivamente para depor em Porto Alegre. Em abril, o jornal O Estado de S. Paulo havia revelado que a delação premiada dos executivos da Andrade Gutierrez, principal empreiteira evolvida no esquema das obras de Angra 3, detalharia o papel de Cardeal.

Funcionário da companhia de eletricidade do Rio Grande do Sul desde a década de 1970, Cardeal teria sido levado ao governo federal por Dilma, quando a presidente, agora afastada, assumiu o Ministério de Minas e Energia.

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