A “Selva” de Calais, uma imensa favela no norte da França onde imigrantes se amontoam em condições desumanas, começará a ser evacuada na segunda-feira de manhã (24) – anunciaram as autoridades locais nesta sexta (21).

A seis meses das eleições presidenciais na França, o governo socialista de François Hollande havia prometido há semanas que esse “acampamento” de imigrantes seria desativado antes do fim do ano.

Nas últimas semanas, alguns já foram encaminhados para centros de acolhida espalhados pelo país. Os 6.400 restantes – de acordo com estimativas oficiais – aguardam resignados a chegada das escavadeiras que vão demolir a precária estrutura que se ergueu na “Selva”.

A decisão oficial foi afixada nesta sexta à noite, em várias línguas, na entrada dessa favela, constatou um jornalista da AFP. Além disso, funcionários dos serviços de Imigração começarão no domingo à tarde (23) a informar os imigrantes sobre os detalhes da operação, que deve durar uma semana.

“Realizaremos com sucesso esse desafio humanitário”, garantiram o ministro francês do Interior, Bernard Cazeneuve, e a da Habitação, Emmanuelle Cosse, em artigo de opinião do jornal Le Monde.

Várias ONGs presentes no terreno advertem sobre os riscos de se realizar a operação de forma precipitada. Já outras consideram que é urgente fazer a evacuação do acampamento antes do inverno.

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O afegão Mewagul Daulatzai, de 22 anos, conta à AFP que espera ansiosamente para deixar esse local, onde ele vive de modo intermitente desde 2013.

“Antes gostava da ‘Selva’. Tinha amigos e trabalhávamos” nos pequenos comércios informais que abriram, contou.

“Mas, agora, ficou muito perigoso. Tem tentativa de roubo todas as noites”, lamentou.

Cerca de 40 imigrantes já chegaram ao departamento francês da Meuze, no nordeste do país. Outros 14, afegãos em sua maioria, estão desde ontem em Pierrefeu-du-Var, um povoado do sul da França, cujos habitantes se manifestaram contra a abertura do centro previsto para acolher pelo menos 30 pessoas.

Esse tipo de manifestação tem acontecido em várias localidades, mesmo antes da chegada de seus primeiros ocupantes.


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