Depois de ter concedido uma entrevista coletiva na noite de sábado pouco depois da grande confusão ocorrida no estádio de São Januário e que culminou na morte de um torcedor vascaíno, Davi Rocha Lopes, de 27 anos, baleado no peito após o clássico entre Vasco e Flamengo pelo Campeonato Brasileiro, o presidente Eurico Miranda fez um pronunciamento no início da tarde desta segunda-feira para dizer que o clube não irá fugir de suas responsabilidades em relação ao ocorrido, mas atacou o que chamou de “precipitação de todas as partes” no julgamento destes episódios de violência.

No caso, o dirigente se referiu à imprensa, à Polícia Militar e também ao Ministério Público, sendo que na noite do último domingo, por meio de uma nota, ele já havia cobrado “fatos e provas” e “honestidade jornalística” nas análises sobre o incidente, também em resposta a pronunciamentos de autoridades ao longo do dia.

Rodrigo Terra, promotor do Ministério Público do Rio, chegou a dizer, em entrevista ao canal SporTV, que o Vasco não atendeu a uma solicitação feita no início do ano pelo MP, que pedia um plano de ação e de segurança para a realização dos jogos no estádio. Para completar, avisou que o MP pediria a interdição de São Januário e que, “apenas a partir do momento que seja apresentada e aprovada a estratégia de realização de grandes eventos no local, é que será liberada a utilização do local”.

Eurico, porém, rebateu nesta segunda-feira: “A precipitação está ocorrendo de todas as partes: da imprensa, da Polícia Militar, do Ministério Público. Ninguém mais do que eu quer que as coisas sejam devidamente apuradas, que as coisas sejam investigadas. Esses julgamentos antecipados normalmente levam e induzem a erro”.

A confusão do último sábado começou ao fim do clássico. Torcedores vascaínos, indignados com a derrota por 1 a 0 para o rival Flamengo, atiraram pedras e rojões contra o gramado, sendo contidos pela polícia com bombas de gás e spray de pimenta. Os torcedores destruíram as instalações do estádio, e a confusão se prolongou pelas ruas do bairro de São Cristóvão, onde Davi Rocha Lopes acabou sendo baleado e depois morreu quando era levado para o Hospital Municipal Souza Aguiar. Outros quatro torcedores feridos receberam atendimento no mesmo hospital e foram liberados, segundo a Secretaria Municipal de Saúde.

Após o episódio trágico, a PM do Rio soltou uma nota oficial na qual responsabilizou funcionários do Vasco por falharem na revista dos torcedores na entrada do estádio e ainda destacou que as brigas entre torcidas do time são “recorrentes” neste Campeonato Brasileiro e isso “principalmente em São Januário”.

“A PM justifica (o ocorrido) da maneira dela, a PM pode até nem fazer a revista, alegando falta de contingente, mas ela é responsável por esta revista. Quando ela não tem contingente e pede que stewarts (seguranças) façam a revista, ela supervisiona a revista”, afirmou o presidente vascaíno, insinuando que a Polícia Militar poderia não ter cumprido com suas obrigações durante este processo de revista dos torcedores que adentraram São Januário no último sábado.

Para completar, Eurico ainda criticou a atitude da PM enquanto a confusão ocorria no estádio vascaíno. “Os portões de São Januário só abrem após a chegada da PM. Se a PM não estiver em seus postos, os portões não abrem… É maneira correta de proceder você, de dentro de campo, começar a atirar bombas indiscriminadamente para dentro da arquibancada?”, questionou, para em seguida também insinuar que a PM é que teria sido responsável pela eclosão da confusão em maiores proporções.

“Essa bomba de efeito moral você atira pra arquibancada indiscriminadamente e pode ter iniciado (a confusão). Não vi nenhum conflito que tivesse sido colocado e que teria ocorrido entre as chamadas torcidas. Pode ter acontecido, que é algo absolutamente normal, mas a forma como você reprime (reprimiu) instigou um negócio generalizado… É claro que, alguns que aqui estavam, que vieram com crianças, famílias, estavam lacrimejando, aterrorizadas, mas isso foi por conflitos entre torcedores ou pela forma como a PM procedeu?”, perguntou de novo, convicto de que a ação da polícia foi determinante para a confusão.

REFORÇO – Após um longo pronunciamento, Eurico respondeu à perguntas de jornalistas durante uma breve entrevista coletiva e, em uma delas, confirmou que o Vasco acertou nesta segunda-feira a contratação do atacante argentino Andrés Rios, de 27 anos, que estava no Defensa y Justicia, da Argentina.

O dirigente disse não saber quando o jogador será apresentado em São Januário (“isso é com o futebol”, avisou), mas o próprio clube divulgou nota oficial nesta segunda para informar que o atleta chega para a “sequência do Campeonato Brasileiro”. “O jogador, que estava no Defensa y Justicia (ARG), aguarda a aprovação nos exames médicos para iniciar os treinamentos e ser apresentado oficialmente pelo clube”, informou o Vasco.

Reforço confirmado, Andrés Rios também defendeu em sua carreira o River Plate, o Wisla Cracóvia, da Polônia, o Deportivo Cuenca, do Equador, o América do México, o também mexicano Universidad de Guadalajara e finalmente o Defensa y Justicia.