Eric Schmidt, o CEO da Alphabet, holding que é dona do Google, admite que demorou para entender a importância e o potencial da inteligência artificial e que chegou a duvidar da aplicabilidade da tecnologia. Durante debate no terceiro dia da feira de cibersegurança RSA Conference 2017, que termina nesta sexta-feira em São Francisco, nos Estados Unidos, Schmidt disse que, desde os anos 1980, quando a área de estudo foi praticamente abandonada pelas melhores cabeças que até então buscavam desenvolvê-la, ele se manteve descrente e cético quanto ao potencial da inteligência artificial. “Eu estava completamente errado”, disse, diante de uma plateia de mais de mil pessoas.

O CEO da Alphabet, Eric Schmidt, na RSA Conference
O CEO da Alphabet, Eric Schmidt, na RSA Conference (Crédito:João Loes / IstoÉ)

Hoje presidido por Sundar Pichai, o Google trata o desenvolvimento e a aplicação de soluções de inteligência artificial como prioridade número um – à frente até das estratégias para plataformas móveis, que foram o foco da empresa entre 2009 e 2016. A inteligência artificial já é usada pelo Google para refinar o funcionamento de seu sistema de anúncios, para aprimorar o algoritmo de buscas que fez da marca o que ela é, para melhorar mecanismos de segurança, aperfeiçoar a identificação de fotos e até para tornar mais eficiente a construção dos prédios que guardam os servidores da empresa.

“Contratamos os melhores engenheiros do mundo para construir nossos servidores”, afirma. “Ainda assim, quando colocamos soluções de inteligência artificial para testar o que podia ser aprimorado nas estruturas concebidas por eles, conseguimos reduzir o consumo de energia dos prédios em 15%”, afirma.

REVOLTA DOS ROBÔS

Questionado sobre os eventuais perigos que o uso da inteligência artificial pode representar, Schmidt disse que essa é uma questão filosófica importante a ser discutida, mas que, em termos práticos, não faz sentido contemplá-la atualmente. Para ele, estamos distantes da complexidade que um “levante das máquinas” exigiria. Além do mais, uma série de medidas podem e devem ser programadas para evitar que isso aconteça quando a tecnologia chegar a esse nível de complexidade. “Cenários apocalípticos pertencem aos filmes”, afirmou.

 

O repórter viajou à convite da RSA.