O gelo que cobre a Groenlândia derreterá mais rápido nos próximos anos, apesar da recente desaceleração deste processo, alertou nesta quarta-feira um grupo de cientistas, com base em uma descoberta sobre a forma como as geleiras se deslocam.

A Groenlândia tem gelo suficiente para fazer o nível dos oceanos subir sete metros se desaparecer completamente.

Segundo a pesquisa, cujos resultados foram publicados na revista Science Advances, estas geleiras se deslocam mais rapidamente sobre os sedimentos do solo do que sobre rochas duras.

Com o aquecimento global, é provável que este deslocamento de gelo se acelere porque a camada de sedimento se tornará mais frágil, úmida e escorregadia.

“O perímetro da Groenlândia tem muitas geleiras que agem como esteiras transportadoras rápidas de gelo. Milhares de lagos da superfície agem como torneiras que derramam a água derretida na base de gelo, transformando-o em uma banheira escorregadia”, apontou Bernd Kulessa, da Faculdade de Ciências da Universidade britânica de Swansea.

“Esta descoberta nos preocupa porque até agora tínhamos chegado à conclusão exatamente oposta, de que a esteira transportadora de gelo da Groenlândia estava se desacelerando”, acrescentou.

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Os cientistas basearam suas descobertas em estudos sísmicos que enviaram ondas acústicas através da camada de gelo para recolher dados sobre o solo em que está assentada.

Segundo uma teoria anterior, o derretimento das geleiras desaceleraria no final do verão “porque grandes redes de canais drenam a água para longe da base, aumentando a resistência de fricção ao fluxo de gelo”, disse o estudo.

Mas as pesquisas sísmicas mostraram que o tipo de terreno desempenha um papel fundamental no controle do fluxo de gelo e que o enfraquecimento dos sedimentos subglaciais “provoca uma aceleração do fluxo de gelo”.

O gelo está derretendo em todo o Ártico, região que aquece cerca de duas vezes mais rápido que o resto do planeta.


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