Os estudantes do Paraná decidiram em assembleia realizada nesta quarta-feira, 26, manter as ocupações nos colégios do Estado. Segundo o Movimento Ocupa Paraná, cerca de 600 estudantes de 30 municípios se reuniram no Colégio Estadual Loureiro Fernandes, no bairro Ahú, em Curitiba, e deliberaram pela manutenção das ocupações.

O movimento calcula que 850 colégios e 11 universidades estejam ocupadas, enquanto o governo do Estado divulga 672 escolas, sendo que 159 já começaram a ser desocupadas – a maior parte após pressão de pais ou após acordo com a comunidade. O ministro da Educação disse que, se as escolas permanecerem ocupadas até dia 31, o Enem não poderá ser aplicado nestas instituições.

Uma das propostas apresentadas na assembleia, em relação a isso, foi usar as escolas municipais, mas o Ministério da Educação já havia afirmado, na última semana, que, em lugar de fazer a transferência de locais, determinaria nova data para as provas. No Paraná, 145 locais de prova estão ocupados pelos estudantes. Apesar do resultado da assembleia, os grupos que comandam as ocupações terão autonomia para tomar as decisões que julgarem mais apropriadas.

A assembleia durou quase doze horas e contou com a participação de advogados, defensores públicos, estudantes e integrantes de movimentos estudantis.

Pela manhã, o procurador do Ministério Público do Paraná (MP-PR), Olímpio de Sá Sotto Maior, sugeriu a desocupação dos locais, mas com a continuidade da mobilização. “A proposta é que no próprio sistema educacional se tenha um espaço para que as manifestações continuem, que se libere o restante do colégio para funcionamento regular do sistema educacional”, afirmou.

Assembleia

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Durante a tarde, um grupo de estudantes foi recebido na Assembleia Legislativa do Paraná para falar sobre as ocupações. A estudante Ana Julia Ribeiro, 16 anos, afirmou em seu discurso que relacionar o movimento a algum grupo político é desrespeitar os estudantes. “É um insulto aos estudantes e aos professores sermos chamados de doutrinados, não queremos que seja formado um exército de não pensantes em que se ouve e se abaixa a cabeça”, disse.

Em determinado momento a estudante irritou os parlamentares ao dizer que eles “tinham as mãos sujas de sangue”, por causa do episódio que envolveu a morte do estudante Lucas Mota, de 16 anos, assassinado após desavença com um colega por causa de drogas, em um colégio ocupado.

O corpo de Mota foi enterrado no Cemitério Municipal de Mandirituba, na região metropolitana de Curitiba, na tarde desta quarta-feira. A Delegacia de Homicídios mantém as investigações para chegar aos detalhes do crime, ocorrido na tarde de segunda. O autor do crime, outro menor, foi apreendido.


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