A estratégia da Polícia Federal de fazer 82 perguntas ao Presidente Temer abriu novos horizontes para as investigações em curso no Brasil.
Para que, afinal, perder tempo investigando, consumindo juízes e advogados, gastando o tempo de transmissão televisiva em depoimentos que levam meses para apresentar resultados?
Muito mais prático é simplesmente fazer perguntas e pronto.
Perguntas honestas vão sempre gerar respostas sinceras, não é mesmo?
Assim, cada corrupto poderá responder as acusações do MP no conforto do lar, como se estivesse fraudando seus impostos de renda.
Mais que isso, o know-how de entrevistar corruptos por meio de perguntas e respostas será exportado e utilizado para caçá-los no mundo inteiro.
O problema é que, com um número tão alto de acusados, não demora e alguém vai dizer que o sistema foi hackeado.
É.
Talvez seja mais seguro o velho método do papel e caneta.
O Ministério Público pode criar um exame tipo ENEM, por exemplo.
Marcam um domingo e levam todos os candidatos para uma escola de Brasília ou Curitiba.
O portão fecha às nove da manhã.
Já posso imaginar o Temer chegando em cima da hora, passando pela fresta do portão quase fechado.
Aécio atrasou? Cana.
Imagine que bonitinho ver Lula, Dilma, Temer, Cunha, todos em fila indiana.
Nas mãos, uma caneta esferográfica, um lápis e uma borracha.
Palocci, Guido, Renan em suas carteiras prontos para a prova.
Como são todos conhecidos, não demora e começam a fazer bagunça.
Eduardo Cunha, no fundão, joga uma bolinha de papel na cabeça de Temer, que estava na fila do gargarejo.
– Sai daí, seu CDF! – grita o ex-presidente da Câmara.
Alguém ameaça uma batucada.
O Ministro Gilmar Mendes entra na sala.
– Gente, por favor, vamos fazer silêncio?
A classe ignora e continua a baderna.
Sérgio Cabral insiste no bullying a Garotinho.
José Dirceu copia uma colinha de última hora no solado do sapato.
O ministro Gilmar Mendes começa a distribuir as provas enquanto explica as regras.
– Muito bem, senhores, a partir de agora vou exigir silêncio. Não vou tolerar conversinhas durante a prova.
Dilma olha para trás e pisca para Lula. Ambos já combinaram. Lula só precisa tossir duas vezes e Dilma baixa o ombro direito para que o ex-presidente copie suas respostas.
Gilmar Mendes deseja boa sorte a todos e dispara o cronômetro.
Durante quatro horas os candidatos respondem todas as perguntas.
A tensão é enorme.
Não só o futuro da Nação está em jogo, mas também o futuro de suas carreiras e contas no exterior.
Lula é o primeiro a terminar.
Foi mal. Dá para ver por sua expressão.
Zé Dirceu entrega a prova e sai da sala com o braço erguido
e o punho fechado.
Um por um, cada corrupto deixa a sala com feições graves.
Temer, entrevistado na saída, revela que a prova estava muito difícil.
– Não tinha nenhuma múltipla escolha…só questões abertas, lamenta o mandatário.
– Mas, presidente, mesmo com a prova assim difícil, o senhor acha que deu para passar de ano?
Temer coça o queixo pensando.
– Bom…para passar acho que deu, sim… – afirma, com pouca segurança.
Sobe num carro preto cercado de seguranças e segue para o Planalto, torcendo para não ter zerado na redação.


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