Peça-chave na denúncia e uma das principais testemunhas na investigação sobre a compra de votos pelo Rio-2016, o brasileiro Eric Walther Maleson alerta que o caso representa a pior crise no movimento olímpico. “O escândalo é maior que o de Salt Lake City”, disse ao Estado. Sua referência é o escândalo de corrupção vivido pelo COI no final dos anos 90, quando descobriu-se que a cidade norte-americana comprou votos para sediar os Jogos de Inverno de 2002.

Eric Walther Maleson, que vive nos Estados Unidos, confirma que procurou o COI em diversas oportunidades desde 2012 para relatar as irregularidades no COB e no Rio-2016. Em uma das ocasiões, diz que chegou a falar por telefone com Dick Pound, na época um dos dirigentes mais poderosos do COI, além de enviar cartas para os presidentes Jacques Rogge e Thomas Bach.

Sem uma resposta, ele se apresentou aos procuradores franceses para relatar o que sabia de Carlos Arthur Nuzman e da compra de votos.

O Comitê Olímpico Internacional confirmou que, em 2012, foi contactado pela testemunha. Mas, segundo a entidade, o assunto teria sido “um problema entre a Federação de Desportos no Gelo (presidida por Eric Walther Maleson) e o COB”. “Naquele momento, o COI pediu a Maleson que entrasse em contato diretamente com o COB para resolver qualquer potencial disputa”, explicou, por e-mail.

O COI ainda afirmou que “não tem a capacidade de realizar investigações criminais”. Eric Walther Maleson rebate. “Isso não é verdade. Óbvio que falei de minha federação. Mas não foi só isso. Talvez tenham de abrir as gavetas e achar. Está tudo lá”.

Além do contato de 2012, em 6 de setembro de 2014 ele mandou a Thomas Bach e à Comissão Judicial do COI carta sobre o “caos no Comitê Organizador Rio 2016”. “Eu e outras autoridades brasileiras informamos ao COI pelo menos há dois anos sobre corrupção, fraude em eleição e violação de regras do COI, perpetradas pelo Comitê Olímpico Brasileiro e pela Rio-2016, ambas presididas pela mesma pessoa: Carlos Nuzman”, escreveu Eric Walther Maleson.

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A testemunha agora coloca em dúvida o papel do COI. “Antes dos Jogos, eu achei que eles não teriam agido para não abalar o evento. Até me responderam, dizendo que a papelada estava na mesa do presidente. Até hoje não entendi como deixaram o Nuzman acumular os cargos do COB e da Rio-2016. Mas, depois dos Jogos, eles também não agiram. Não podem mais ser negligentes”, atacou.

Questionado se tomaria alguma medida em relação ao COB ou se considera uma intervenção, o COI se limitou a dizer que seria “prematuro comentar neste momento”.


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