Mordomia escancarada
Escândalo aéreo

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Deputados que compõem a base aliada do governo derrubaram na semana passada, na Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara dos Deputados, os requerimentos de informação que solicitavam esclarecimentos sobre o uso de aviões da Força Aérea Brasileira para deslocamentos domésticos por parte de ministros.

Segundo levantamento feito pelo jornal “O Estado de S. Paulo”, Suas Excias utilizaram 781 vezes os jatos executivos da FAB, desde que Michel Temer tomou posse. Em 238 ocasiões, os deslocamentos tiveram como origem ou destino as cidades onde vivem os ocupantes do primeiro escalão do governo, sem apresentar uma justificativa adequada nas agendas oficiais, que devem ser sempre divulgadas pela internet.

Trata-se de uma orgia com os recursos públicos. Dependendo do destino, algumas viagens custam até R$ 100 mil. Desperdício imoral, sobretudo se considerarmos que alguns dos usuários são pessoas que de dia discursam sobre as dificuldades financeiras da administração federal, mas à noite voam como príncipes.

Felizmente não são todos os ministros. Mas a lista dos usuários é extensa. Inclui Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo), Gilberto Kassab (Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações), Alexandre de Moraes (Justiça), Ricardo Barros (Saúde), Osmar Terra (Desenvolvimento Social e Agrário) e José Serra (Relações Exteriores). Eles vivem em cidades fartamente atendidas por linhas áreas regulares.

Os que usam e abusam desse expediente deveriam ter em mente que toda vez que um avião da FAB se desloca são os contribuintes que pagam o combustível, o desgaste do equipamento, as horas da tripulação e por aí afora. Se há previsibilidade na viagem, as autoridades deveriam esperar as promoções das companhias aéreas, sempre abundantes. Se comprar um pacote de bilhetes, os preços vão no chão.

Importante frisar que a zona não é de hoje. No ano passado, entre janeiro e setembro, ministros de Dilma Rousseff fizeram uso da mordomia mais de 2.400 vezes, transformando em letra morta decretos da então presidente que pretenderam disciplinar o serviço. Aliás, não está sendo diferente com Temer. É duro reconhecer, mas as práticas dos nossos governantes, desde Tomé de Souza, mais os assemelham do que distinguem.

Cobrança: Em reunião com ministros, Temer pede austeridade
Cobrança: Em reunião com ministros, Temer pede austeridade

EUA
Lá e cá

Tudo por tudo, algo especial fez o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) comemorar muito a vitória de Donald Trump nos EUA. A campanha aberta contra a imigração, as minorias, o aborto e os direitos da população LGBT o fez conquistar 80% dos evangélicos. São mais de 32 milhões de votos que ajudaram, muito, a vitória do magnata republicano.

OEA
Aos poucos

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O Brasil acaba de enviar R$ 20 milhões à OEA, medida recebida com alívio pelo secretário-geral, Luis Almagro. O nosso País continua inadimplente na organização. A dívida atrasada soma R$ 60 milhões, incluindo a cota deste ano. Porém, em Washington, o pagamento foi interpretado como sinal de que o novo governo brasileiro está disposto a pôr suas contas em dia com o sistema internacional.

Lava Jato
Sem liberdade

Primeiro preso pela Lava Jato no exterior, Raul Schmidt continuará detido no Paraná. Foi a decisão do STJ na terça-feira 8. Pela segunda vez houve tentativa de soltá-lo. O lobista é apontado como intermediário entre Jorge Zelada (foto), ex-diretor da área internacional da Petrobras, e empresas atuantes no esquema de corrupção na estatal. Segundo o MPF, propinas da ordem de US$ 31 milhões envolveram o aluguel do navio sonda Titanium Explorer. O ex-funcionário da Petrobras, detido em Lisboa em abril, na 25ª fase da operação, está com R$ 7 milhões bloqueados.

Ministério Público Federal
Pente-fino

As delações premiadas de executivos da UTC e da OAS devem passar por nova checagem de informações tão logo o acordo em negociação da Odebrecht com a Procuradoria-Geral da República seja homologado no STF. As três empresas são sócias no estaleiro Enseada (BA) – com a japonesa Kawasaki. Depoimentos de dirigentes da UTC e da OAS aos procuradores teriam poupado políticos baianos – a Odebrecht não aliviou ninguém. Acordos com comprovada omissão são extintos.

Redes sociais
Boa causa

Em pleno mês da Consciência Negra, o YouTube Negro está sendo lançado no País. A estreia é para os criadores de conteúdo. Em workshops abertos às comunidades pessoas aprenderão os recursos da plataforma, com direito a debates com Ana Paula Xongani, Nataly Neri e Xan Ravelli, moderado pelo Instituto Mídia Étnica. O objetivo é combater o preconceito. Vídeos feitos nas oficinas serão publicados no site até 30 de novembro.

Automobilismo
Do acelerador para a bola

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A primeira atividade de Felipe Massa (foto) ao deixar de vez o cockpit de um F1 não será nas pistas. Mas num campo de futebol. Ele será atacante em uma das equipes da 3ª edição do jogo beneficente “Lance de craque”, dia 21 de dezembro. Riquelme e Carlitos Tévez, entre outros, também estarão no Beira-Rio.

Advocacia
Fora do caso

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Cinco advogados de Eduardo Cunha (foto) na Lava Jato renunciaram coletivamente à causa, dia 3 passado. Decisão surpreendente. Afinal, o juiz Sérgio Moro aceitou incluir Lula, Michel Temer e mais 20 pessoas como testemunhas de defesa do ex-deputado federal na ação que corre na 13ª Vara Federal de Curitiba. Não faz sentido especular que Cunha quer a delação premiada e “a banca” – Fernanda Tórtima, Juarez Tavares, Ademar Borges, João Marques e Péricles Ribeiro – não concordaria. Afinal, a advogada esteve à frente do acordo do réu confesso Sérgio Machado com a Procuradoria-Geral da República, em maio.

CNJ
Duelo de gigantes

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Mediram forças no CNJ, dois ex-corregedores nacionais de Justiça, Eliana Calmon (foto) e Gilson Dipp. debateram liminar do atual corregedor, ministro João Otávio de Noronha, envolvendo uma fazenda de 340 mil hectares, em Formosa do Rio Preto (BA). Os atuais ocupantes são acusados de grileiros. E as famílias de José Valter Dias e Vicente Okamoto alegam ter direitos sobre a propriedade.

Fotos: Marcelo Magalhães; Renato Costa/Folhapress; Brazil Photo Press/Ag O Globo; Elza Fiúza- Agência Brasil