A deputada federal e candidata à Prefeitura de São Paulo, Luiza Erundina (PSOL), afirmou nesta quarta-feira, 27, que irá rever a proposta de concessão do sistema de transporte coletivo urbano em São Paulo à iniciativa privada, a qual deve movimentar R$ 140 bilhões em 20 anos, com possibilidade renovação pelo mesmo período. Em sabatina realizada pelo UOL, o jornal Folha de S.Paulo e o SBT, a ex-prefeita paulistana entre 1989 e 1992 disse discordar tanto do período de concessão, quanto de algumas regras, como a criação de centro de operações pelas próprias empresas privadas fiscalizarem o sistema.

“Essa licitação não pode perseverar, pois destoa da forma como são feitas concessões. Como é possível as empresas fiscalizarem a si mesmas?”, indagou. “Na Inglaterra, por exemplo, o prazo é de cinco anos, e a cada ano 20% do sistema é licitado de novo. Isso (previsto para São Paulo) é inadmissível, ilógico e fora da modernidade”, afirmou a candidata.

Ainda sobre transporte, Erundina lembrou do projeto de se criar o passe livre para toda a cidade durante seu mandato como prefeita e admitiu adotar, caso volte ao cargo, tarifa zero para os finais de semana nos ônibus. “Acesso com gratuidade no final de semana é alternativa, mas as regras ainda precisam ser estudadas.”

Erundina disse que, caso seja eleita, não fará concessões nem privatizações do autódromo de Interlagos e dos complexos do Anhembi e do Pacaembu, como defende seu adversário tucano, João Doria. “É bom perguntar se ele já pensou em privatizar a cadeira dele. Ele vai privatizar tudo, pois é empresário. Mas a prefeitura não é qualquer empresa, nem mesmo a dele”, disse.

Entre outros projetos polêmicos Erundina defendeu os adotados durante a gestão de Fernando Haddad (PT), como a redução de velocidade nas marginais, as ciclovias e ainda os corredores exclusivos para ônibus. “Queremos construir cidade das pessoas e não dos automóveis, criar alternativas de mobilidade para quem, de fato, tem o direito ao espaço”.

Apesar de ser contestada durante a sabatina, Erundina disse que a dívida da capital paulista é de R$ 46 bilhões e não em torno de R$ 30 bilhões como Haddad afirmou ontem durante entrevista semelhante. Apesar da discordância sobre o valor, que foi de R$ 74 bilhões antes de ser renegociado por Haddad, Erundina disse que fará uma auditoria na dívida assim que assumir o cargo caso seja eleita.

Erundina defendeu ainda a o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) progressivo, ou seja, cobrar mais dos que são mais ricos, “um tributo direto sobre propriedade”, segundo ela, mas afirmou que a proposta ainda está em avaliação. Outra forma de arrecadação, de acordo com a ex-prefeita, é a cobrança da dívida ativa do município, estimada em R$ 66 bilhões, principalmente dos mais ricos. “Não se tem coragem de cobrar grandes devedores, pois há conivência do poder público”.