O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, afirmou neste sábado que espera que o Parlamento aprove o restabelecimento da pena de morte após o referendo de 16 de abril sobre a reforma constitucional, que busca fornecer maiores poderes à figura presidencial.

“As famílias dos mártires, as famílias de nossos heróis não devem se preocupar. Acredito, se Deus quiser, que o Parlamento fará o necessário no que se refere as suas exigências sobre a pena capital depois de 16 de abril”, disse Erdogan, acrescentando que aprovaria o texto “sem hesitar”.

Desde o golpe de Estado fracassado de 15 de julho, o presidente repetiu em várias ocasiões que aprovaria o restabelecimento da pena de morte em caso de votação neste sentido no Parlamento. Havia evocado em fevereiro, inclusive, um possível referendo neste sentido.

“O que Hans e Georges nos dirão não nos interessa”, acrescentou Erdogan citando dois nomes que utiliza geralmente para se referir à Europa.

Os observadores se perguntam, no entanto, se estas declarações refletem uma verdadeira intenção ou se são uma manobra antes do referendo de 16 de abril.

Para vencer o referendo, cujo resultado se anuncia apertado, Erdogan precisa dos votos do eleitorado nacionalista, majoritariamente favorável ao restabelecimento da pena de morte para punir os crimes de natureza “terrorista”.

A Turquia aboliu a pena de morte em 2004, uma das exigências vinculadas a sua candidatura para ingressar na União Europeia. Seu restabelecimento marcaria o fim das negociações de adesão.