As grandes casas de moda do mundo têm algo em comum. Elas não seguem tendências, elas criam tendências. No Brasil, poucos estilistas podem se dar a esse luxo. Entre eles, está Gloria Coelho, veterana da São Paulo Fashion Week. Ontem, no Teatro Faap, ela mostrou mais uma vez porque se mantém no Olimpo. Inspirada na Escócia, montou a coleção em torno do tartã, aquele padrão quadriculado típico dos kilts. Nada que fuja da sua zona de conforto, já que transita sempre entre as mesmas referências, trazendo a estética dos países nórdicos, dos lugares frios e intercalando o futurismo com elementos do vestuário medieval.

Gloria faz moda com cara de Brasil? Não, não faz. Mas não importa. Ela é uma das melhores, justamente, porque segue seu percurso criativo independentemente dos modismos, evoluindo dentro de seu próprio universo. Desta vez, os vestidos de festa, que são um forte de sua marca, ganharam aplicações geométricas sobre o tule. Alguns modelos tinham volume. Vistos de longe, ganhavam profundidade, quase um efeito 3D. Os looks trouxeram sobreposições sofisticadas, com capas leves ou saias sobre calças.

Na sequência, Juliana Jabour e Karen Fuke fizeram sua estreia na semana com a marca Just Kids. E o quinto dia de desfiles foi da água para o vinho.

Sintonizadas com o movimento de moda de rua, que vem tomando conta das passarelas, as estilistas lançaram mão do artifício do momento: usar o peito como bandeira para frases de efeito e recados de rebeldia. Tudo em inglês.”Ex-virgen” (ex-virgem), “a girl is a gun”, (uma garota é uma arma) e “we’re not here to sell clothes” (nós não estamos aqui para vender roupas) estampavam camisetas e moletons, e isso era praticamente tudo o que tinha na coleção. As duas trabalharam juntas por dois anos na Triton, fazendo uma moda altamente comercial. Pelo visto, aprenderam a agradar o consumidor jovem.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.