Em 77 empresas ligadas ao Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco e Região, o cumprimento da lei que exige a contratação de pessoas com deficiência chegou a 105,6% no ano de 2016. Em 2015 essa porcentagem alcançou 104,6%. Os dados fazem parte da 11ª Pesquisa Lei de Cotas Trabalhadores com Deficiência no Setor Metalúrgico de Osasco e Região que procurou medir como as empresas têm cumprido o artigo 93 da Lei 8.213/91, conhecida como Lei de Cotas. Empresas com 100 ou mais empregados estão obrigadas a preencher de 2% a 5% dos seus cargos com beneficiários reabilitados ou pessoas portadoras de deficiência.

Segundo a pesquisa, o ramo automotivo chegou a 112% do cumprimento da lei, seguido da laminação e trefilação (108,6%), de máquinas, eletroeletrônicos (102,5%), iluminação (93,9%) e estamparia e fundição (87,9%).

Quando analisada a distribuição por tipo de deficiência, as contratações de deficientes físicos lideram a lista (43,2%), seguidos dos deficientes auditivos (33,1%), reabilitados (12,2%), visuais (7,1%), intelectuais (3,4%) e múltiplos (1%).

Segundo o vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco e Região, Carlos Aparício Clemente, o fato de a maioria das empresas da região já cumprirem a Lei de Cotas é extremamente positivo porque mostra que aos poucos o preconceito começa a ser vencido. “Claro que há um grande trabalho sendo feito para isso, mas pudemos ver que pessoas contratadas no início dos anos 2000 continuam na mesma empresa. Hoje, 61% das empresas cumprem a lei integralmente ou além”.

Na avaliação de Clemente, falta fiscalização do Ministério do Trabalho, devido ao número enxuto de auditores, o que obriga o sindicato a fazer uma ação de envolvimento social e de vigilância. “A conscientização e a informação existem e os argumentos para não cumprimento da lei já não colam mais. Dizer que não há gente com deficiência, que não há escolaridade, que a pessoa recebe benefício do governo e não quer trabalhar e que há risco nas empresas são desculpas esfarrapadas que não têm mais sustentação”.

Gerente Regional do Ministério do Trabalho de Osasco, Ronaldo Freixeda, analisa os resultados com otimismo e vê os números como resultado de uma soma de ações, não só do Ministério do Trabalho como da sociedade civil, que levam ao conhecimento das empresas informações que ajudam a quebrar o preconceito. “Apesar de momento de crise complicada no país esses números não caíram e mesmo sem ação atuante do Ministério do Trabalho por meio de fiscalização as empresas já começam a mudar culturalmente seu olhar com relação à inclusão.”

Funcionário da Cimpal há 13 anos, Renildo Alcantara da Silva, 42 anos, é amputado bilateral. El conta que passou por diversas funções e atualmente é auxiliar administrativo. “No começo foi complicado porque eu não sabia como ia ser acolhido. Mas foi muito bom, porque me colocaram em locais onde eu pude executar as tarefas sem risco e estou muito bem atualmente. Lá já havia pessoas com deficiência e isso me fez sentir mais confortável.”

Airton Aparecido dos Santos Reis, 30 anos, é deficiente auditivo e teve sua primeira oportunidade de trabalho na Cimpal, há 11 anos. Ele conta que era inexperiente e não sabia como trabalhar, porém recebeu treinamento de seu supervisor para a função. “Tudo sempre foi feito com muita paciência e educação. Eles escreviam o que eu tinha que fazer e me ensinavam como fazer para não ocorrer nenhum acidente. A Cimpal foi uma oportunidade para mim e minha vida mudou depois de começar a trabalhar”, contou por meio de um intérprete.