A uma semana da Olimpíada do Rio, o Palácio do Planalto foi comunicado que a empresa Artel Recursos Humanos, escolhida pela Secretaria de Grandes Eventos (Sesge) do Ministério da Justiça para realizar o trabalho de revista nas entradas dos locais de competição e Vila Olímpica, não conseguiu contratar as cinco mil pessoas prometidas. O Ministério da Justiça confirmou ao Planalto a incapacidade da empresa de cumprir o contrato, mas avisou que já possui uma estratégia montada para resolver a deficiência sem revelar, no entanto, qual seria ela.

A Organização dos Jogos Olímpicos manifestou sua grande preocupação, assim como as Forças Armadas, que temem pela forma como está sendo realizado o controle nas arenas. A Olimpíada de Londres enfrentou problema semelhante em 2012, mas o alerta foi aceso 30 dias antes dos Jogos. “Esta área de controle de acesso é muito sensível e a filtragem dos atletas e das pessoas que estão entrando nas arenas está completamente fragilizada”, advertiu uma autoridade militar.

Nesta quinta-feira, o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, esteve com o presidente em exercício Michel Temer, no Palácio do Planalto. Passou a mensagem de tranquilidade, tanto em relação à ameaça da Polícia Federal de entrar em “estado de greve” a partir desta sexta, quanto em relação à empresa Artel, justificando que tem planos alternativos para solucionar o problema de falta de pessoal para fazer as revistas nas pessoas e checar o que passa em equipamentos de raio X.

Na reunião realizada no Planalto na última quarta-feira, o ministro da Justiça falou das dificuldades da empresa Artel em executar o trabalho de contratação dos cinco mil homens para fazer a revista de pessoal. Moraes disse que a empresa justificou que estava descapitalizada e ainda negociando com um banco um empréstimo para contratar o pessoal. Mas a empresa alegou sua incapacidade.

Na reunião, Moraes apresentou planos B e C, caso a Artel saísse. O “B” seria chamar a outra empresa selecionada na licitação. Só que ela é a mesma que, em 2012, na Olimpíada de Londres, a um mês dos Jogos, não conseguiu recrutar o número exigido de pessoas para trabalhar e acabou substituída pelas Forças Armadas. Esta empresa apresentou custo para executar o serviço da ordem de R$ 72 milhões, mais de quatro vezes os R$ 17,3 milhões pedidos pela Artel, empresa sem experiência no ramo para revista de público e de bolsas na entrada das arenas.

O plano C é convocar cerca de 1.500 policiais militares da reserva dos estados, que se aposentaram de cinco anos para cá para executarem o trabalho. Mas, na verdade, há uma grande preocupação na área militar que teme que estas opções não consigam ser suficientes para executar a missão e que as Forças Armadas, de última hora, seja convocada para assumir os postos, em trabalhos que os soldados não estão acostumados nem treinados, além dos problemas de levarem mais gente para o Rio de Janeiro.

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Até o final da norte desta quinta-feira, a Secretaria de Grandes Eventos não respondeu aos questionamentos do jornal O Estado de S.Paulo. Nas reuniões com o presidente em exercício Michel Temer realizadas na quarta, ele pediu um comando “unido e integrado” entre os ministros para que não haja lacunas para a solução de problemas. Reiterou ainda que dois dos quatro ministros responsáveis pelo monitoramento da operação das Olimpíadas – da Justiça, Alexandre de Moraes, da Defesa, Raul Jungmann, do Gabinete de Segurança Institucional, general Sérgio Etchegoyen e da Casa Civil, Eliseu Padilha – têm de permanecer durante todo o período das Olimpíadas no Rio, para responder, de imediato, a qualquer obstáculo que surja.

Apesar da solução que Moraes diz que tem, o Planalto está preocupado não só a possibilidade de greve da PF, como com a situação da empresa Artel, e a forma como serão recrutadas novas pessoas para operar fazer “mag and bag” (expressão em inglês para o trabalho de revista). A Casa Civil está monitorando o tema e cobrando soluções e informações da Justiça. O Planalto chegou a exigir todo o cuidado, inclusive, na seleção, revista e fiscalização dos 650 contratados de última hora que estão fazendo os reparos nas obras da Vila Olímpica. O temor é de que infiltrados possam provocar problemas graves de segurança e roubo no local.


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