Em Brasília, há uns bons anos, a prioridade deixou de ser tocar o País, fazer leis, planejar melhorias – essas coisas, enfim, que antigamente chamávamos “governar” – para descobrir quem será o novo presidente daqui algumas semanas. Talvez por esse carrossel de líderes que temos passado, talvez por esses barcos navegando diante de nosso porto, é que se convencionou utilizar os termos “embarcar” e “desembarcar” do governo. Afinal, “embarcar” carrega em si a ideia do transitório. Perfeito, já que ninguém embarca para sempre, ainda mais nesses nossos governos passageiros.
Os partidos, por sua vez, são navios de cruzeiro com performance e características muito diferentes.
Senão vejamos:
PMDB
O PMDB é uma caravela.
A tripulação é escolada, experiente. Simplesmente não desembarca nunca.
Está sempre navegando de uma maré para a outra, segura como se estivesse na calmaria de uma represa.
Segue sempre a rota mais segura.
Não importa se é tempestade ou marolinha, está sempre embarcada.
E, como experiente lobo do mar, também nunca enjoa. Impressionante.
Hoje é o navio que lidera a flotilha, apesar de relatos de que estaria fazendo água na sala de máquinas e um ou outro oficial andar sinalizando o início de um motim.
PT
O PT é o Titanic. O que você poderia esperar?
Já foi um importante navio, singrando os mares intrépido
e corajoso.
Não deu outra. Chapou de cara com um iceberg.
A tripulação ficou chocada com o estrago que uma pedrinha de gelo causou.
Mas, enquanto afundava, descobriu a imensa massa de problemas embaixo da linha d’água.
Boa parte dos tripulantes resgatados foi levada aos tribunais.
Mesmo assim, nem todos os tripulantes saltaram aos botes salva-vidas.
Ficaram gritando do convés que estava tudo bem.
Alguns, entre eles o comandante, seguem à frente da orquestra, afundando com o navio, até o último acorde.
REDE
A REDE é um submarino.
Navega fora do radar.
Cada tripulante aponta para uma rota diferente.
Passa boa parte do tempo bombardeando os outros navios.
Ah! Sempre que pode, está desembarcada.
PSOL
É um navio pirata.
Aproxima-se de qualquer navio e o bombardeia.
Não saqueia.
Nem embarca.
PSDB
Guardei esse para o fim porque, de todos os nossos navios,
é o mais esquisito.
Na verdade, é como um daqueles navios ancorados que servem só para visitação.
Têm os cabos firmemente amarrados à terra firme e a âncora foi lançada ao mar há tantos anos que já está tomada por cracas.
Uma ponte do convés facilita o embarque e o desembarque da tripulação.
Sobe a maré, desembarca.
Mudam os ventos, embarca novamente.
E vice-versa.
Às vezes, para a surpresa de todos, consegue estar embarcado e desembarcado ao mesmo tempo, por mais esquisito que pareça.
Quando se reúne no convés, então, é um desastre.
Ninguém sabe para onde a proa vai apontar no dia em que, finalmente, soltarem as amarras.
O comandante foi trocado recentemente.
E até nisso é complicado porque ninguém sabe se o escorregadio marinheiro vai voltar ao comando ou não.
Tomara que não, afinal, como todo mundo sabe, Minas não tem mar.

O PSDB é como um daqueles navios ancorados que servem só para visitação


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