Sob risco de vida e ameaça de atentados, Kyriakos Amiridis trabalhou e sobreviveu como diplomata em países altamente conflagrados e mergulhados em guerras como a Sérvia e a Líbia. Adorou quando veio ao Brasil como cônsul-geral da Grécia no Rio de Janeiro, e aqui ficou já promovido a embaixador de seu país, enaltecendo o nosso povo pelo temperamento pacífico. Tragicamente Kyriakos encontrou-se com a morte em circunstâncias violentas e em solo brasileiro: na casa em Nova Iguaçu que comprara para a sua mulher, a embaixatriz brasileira Françoise de Souza Oliveira – e a comprara justamente a pedido dela, com quem estava casado havia quinze anos, porque Françoise lhe dissera que assim ficaria mais próxima de seus familiares quando estivesse sozinha no Rio de Janeiro. Nessa casa e em companhia da mulher, situação que levava Kyriakos a se sentir ancorado em porto seguro, a morte veio-lhe por encomenda: ele foi assassinado a mando dela. O que ninguém entende na morte é, na verdade, o que ninguém já não entendia em vida: tudo bem, é claro, o fato de Kyriakos ter-se casado com uma mulher humilde da Baixada Fluminense, com nível cultural muito inferior ao dele, que raramente o acompanhava nos eventos. Mas por que Kyriakos não percebia as mentiras de Françoise? Por que dera-lhe a casa em Nova Iguaçu se ela nunca se interessava em rever os parentes tão simples? Jamais lhe passou pela cabeça que a casa servia de cafofo no qual Françoise acolhia um amante. E o amante era um soldado: Sérgio Gomes Moreira Filho, 29 anos (onze a menos que ela). Foi ele quem matou Kyriakos e o carbonizou no final do ano. Ela comandou, ele executou. Ambos agiram por amor – amor pelo dinheiro e bens da vítima, é óbvio.97


Siga a IstoÉ no Google News e receba alertas sobre as principais notícias