A campanha eleitoral na capital gaúcha entra em sua reta final com um cenário acirrado e quatro candidatos no páreo tentando avançar para um provável segundo turno. As pesquisas recentes mostram Sebastião Melo (PMDB) à frente, seguido por Nelson Marchezan Jr. (PSDB), Raul Pont (PT) e Luciana Genro (PSOL) – esses três aparecem embolados, sempre tecnicamente empatados.

Desde o fim de semana passado, os candidatos intensificaram as ações de rua. Além disso, apostam na visibilidade que será proporcionada pelo último debate de televisão, na próxima quinta-feira, para conquistar os votos dos indecisos.

O primeiro pelotão nas pesquisas é o mesmo desde o início da campanha, em agosto. Mas as posições mudaram. Quem mais cresceu foi o atual vice-prefeito, Sebastião Melo, que tem quase quatro minutos em cada propaganda obrigatória na TV, o maior tempo entre todos os candidatos. Em situação inversa está a ex-deputada federal Luciana Genro, que começou a campanha à frente nas pesquisas, mas caiu depois que o horário eleitoral começou. Ela tem 12 segundos em cada programa.

A última pesquisa Ibope, divulgada no dia 23 de setembro, apontou pela primeira vez um distanciamento de Melo na liderança da corrida pela prefeitura de Porto Alegre. Ele aparece com 29% das intenções de voto, seguido por Pont e Marchezan, ambos com 17%, e Luciana, com 12%. A margem de erro é de três pontos porcentuais, para mais e para menos. Na sequência estão Maurício Dziedricki (PTB), com 7%, e Marcello Chiodo (PV), Júlio Flores (PSTU) e Fábio Ostermann (PSL), com 1% cada um. João Carlos Rodrigues (PMN) não atingiu porcentual. Ainda de acordo com o levantamento, os eleitores que declararam a intenção de votar em branco ou de anular o voto são 11%, e os que não sabem ou não responderam, 4%.

No levantamento anterior do Ibope, de 9 de setembro, Melo somava 22%, Pont tinha 19%, Luciana, 17%, e Marchezan, também 17%. No segundo pelotão estavam Dziedrick, com 4%, Ostermann, com 2%, e Rodrigues, Flores e Chiodo, com 1% cada um. Neste caso, os eleitores declarados como branco/nulo eram 10%, e os que não sabem ou não opinaram, 6%.

Melo representa uma aliança (entre PMDB e PDT) que administra Porto Alegre há 12 anos. Nos debates, à medida que crescia nas pesquisas, tornava-se o alvo principal dos adversários, que trazem à tona questões como o atraso na execução de obras municipais. Outro tema recorrente é segurança. Como o Rio Grande do Sul atravessa uma crise nesta área, com o aumento dos casos de violência e a crescente sensação de insegurança da população, os candidatos aproveitam os momentos de contato com o público para apresentar propostas voltadas para a segurança pública. A campanha virou uma oportunidade de se discutir de que forma a prefeitura deve ajudar a combater um problema que é prioritariamente de responsabilidade do governo estadual.

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Temas da pauta nacional também estão presentes na disputa porto-alegrense. Raul Pont, por exemplo, vem incluindo em quase todos os eventos da campanha temas como as reformas trabalhista e previdenciária, além da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241, que cria um teto para os gastos públicos e, segundo petistas, deve reduzir repasses federais para prefeituras. A ideia é vincular adversários de partidos que apoiam o governo federal às medidas potencialmente impopulares do presidente Michel Temer, do PMDB.

No debate realizado na noite deste domingo, 25, na TV, Pont afirmou que Marchezan votou a favor da admissibilidade da PEC 241 na Câmara dos Deputados. Conforme o petista, se a proposta for adiante no Congresso representará “um desastre” para os municípios. Ele afirmou ainda que a PEC 241 é a prova “do golpe parlamentar que foi dado” no País.

No mesmo debate, Luciana Genro criticou a Medida Provisória que reformula o ensino médio e perguntou a opinião de Melo. O peemedebista disse que é contrário à decisão do governo federal de recorrer a uma MP para tratar de um assunto de tamanha envergadura. “Acho que houve um equívoco do governo. Este tema deveria ser tratado amplamente no Congresso”, avaliou.

Reta final

Para conquistar votos nos últimos dias de campanha, os quatro nomes que disputam uma vaga no segundo turno se apoiam basicamente na mesma estratégia: intensificar o corpo a corpo com o eleitorado e usar a exposição oferecida pelo último debate na televisão, que ocorrerá no próximo dia 29. Melo, Marchezan, Pont e Luciana participam dos encontros, além do candidato Mauricio Dziedricki.

“Mesmo esta desigualdade do tempo de TV não nos tirou do páreo. Apostamos que esses momentos de igualdade proporcionados pelos debates sejam decisivos para nos colocar no segundo turno”, disse Roberto Robaina, coordenador da campanha de Luciana.

O PMDB aposta no engajamento da militância e na força da coligação para confirmar nas urnas a liderança de Melo apontada pelas pesquisas. “Temos 248 candidatos a vereador e com isso cobrimos toda a área de Porto Alegre”, disse Antenor Ferrari, coordenador da campanha de Melo. “Se o candidato tiver tempo de rádio e TV mas não tiver militância, ele não cresce, fica estagnado.”

A mobilização nas ruas também é o foco do PT nesta reta final. Mas, diferente de campanhas anteriores, este ano os eventos estão menores, por questão de tempo e de custo. No cronograma, nada de comícios. Estão programadas caminhadas, aulas públicas e ações voltadas à comunidade. Não há previsão de participação da ex-presidente Dilma Rousseff, que está morando em Porto Alegre.

“A participação da Dilma (em algum evento) depende mais da agenda dela do que da nossa disposição. Estamos convidando ela desde o início”, disse Carlos Pestana, coordenador da campanha de Raul Pont. Por enquanto, Dilma gravou algumas inserções para o programa de televisão do candidato petista.

Para o PSDB, os próximos dias serão uma oportunidade de intensificar a presença de Marchezan nas ruas, já que o deputado federal se dividiu entre Brasília e Porto Alegre ao longo da campanha. “A gente deixou de tê-lo aqui em alguns momentos. Mas acho que isso é compensado porque o eleitor reconhece que lá ele está cumprindo com sua responsabilidade”, disse o coordenador da campanha, Kevin Krieger. Daqui até a eleição, no dia 2 de outubro, Marchezan fica na capital gaúcha em tempo integral.


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