BRUXELAS, 20 MAR (ANSA) – Por Marco Galdi – Quando se completa 60 anos, há quem não demonstre a idade e quem, como a União Europeia, tem todas as suas rugas e marcas bem aparentes.   

Há nove meses do referendo na Grã-Bretanha pela saída do bloco, o chamado “Brexit” do dia 23 de junho, é possível ver que a construção da Europa sempre maior, integrada e tendencialmente federalista chegou ao fim.   

A eleição de Donald Trump, por exemplo, mostrou que nada é eterno – nem mesma a amizade incondicional dos Estados Unidos. O sultão turco Recep Tayyip Erdogan também anuncia uma “guerra de religiões na Europa” e entra em conflito com diversos países, entre eles, a Alemanha.   

Em meio a isso, no próximo sábado (25), os 27 líderes europeus restantes – sem a presença dos britânicos – celebrarão os 60 anos do primeiro tratado europeu com uma declaração que reforçará a necessária confiança no projeto europeu, com a ameaça de uma irrelevância se os países ficarem sozinhos no contexto geopolítico futuro.   

Mas, o documento também simbolizará o nascimento de uma UE diferente daquela que todos conhecem até agora.   

Em uma Roma sob máxima medida de segurança, são esperados cerca de 40 líderes, entre chefes de Estado e de governo, que também terão uma audiência privada com o papa Francisco. E os compromissos seguem da “vigília” de sexta-feira (24) até o encontro extraordinário do dia seguinte. Além disso, todos os líderes europeus serão recebidos na sede da Presidência italiana, o Quirinale, pelo presidente Sergio Mattarella.   

Assine nossa newsletter:

Inscreva-se nas nossas newsletters e receba as principais notícias do dia em seu e-mail

Todas as ocasiões servirão para um aprofundamento e uma reflexão para a retomada da União Europeia, na qual a questão das “diferentes velocidades” é crucial – e não apenas pelas palavras.   

Agora, a UE enfrenta ao mesmo tempo quatro desafios gigantescos: a questão Estados Unidos-Rússia, que pede um redimensionamento na gestão internacional, a crise de imigrantes e refugiados do Oriente Médio e da África, o terrorismo e a Turquia, que aparenta estar passando do status de candidato ao bloco a seu adversário.   

Ameaças que chegam em um ano de desafios eleitorais, com o populismo de extrema-direita, amigo de Trump e financiado pelo Kremlim. Mesmo com a Áustria, que escolheu o presidente dos verdes e europeísta, e a Holanda, que disse não ao islamofóbico Geert Wilders, houve o fortalecimento dos partidos anti-europeus.   

O premier holandês, Mark Rutte, que venceu às eleições graças também ao ataque contra Erdogan, no qual conseguiu mostrar ser um estadista e destruir a retórica de Wilders, definiu as eleições holandesas como “as quartas de final do torneio europeísta contra o populismo”.   

Futebolisticamente falando, o cálculo não está certo. Era a semifinal, onde a final será disputada, em jogo de ida, na França, entre 23 de abril (primeiro turno) e 7 de maio (segundo turno) e o jogo de volta será disputado na Alemanha em setembro.   

Mas, para sobreviver, a Europa precisa sempre vencer.   

“A UE sem a França ou sem a Alemanha é impossível”, disse ao jornal italiano “La Stampa” o vice-presidente da Comissão Europeia, Frans Timmermans.   

Na “Declaração de Roma”, que segunda-feira (27) terá a impressão dos 27 líderes europeus, foi limada a linguagem para ratificar a vontade mostrada em Versailles por França, Alemanha, Itália e Espanha – os quatro grandes do Ocidente – de andar adiante “com mais velocidade.   

A linguagem do resumo foi atenuado para que seja “digerível” também para a Polônia, que foi o voto contrário no 27 a 1 na confirmação do nome de Donald Tusk como presidente do Conselho Europeu, e para a Romênia e Bulgária, que continuam a “fechar a porta” sobre o Tratado de Schengen. O temor é que isso leve o bloco para a série B.   

O texto que será assinado no dia 25 deverá ser suficientemente vago para permitir que seja assinado pelos 27 líderes, em referência à “unidade” que, segundo Tusk, é a principal mensagem a ser dada neste momento. O verdadeiro futuro será desenhado em dezembro, quando todos os obstáculos eleitorais estarão ultrapassados.   

Aquilo que é certo é que, por enquanto, os 27 estão de acordo sobre só um ponto: o projeto de relançar, integrar e desenvolver a indústria europeia da defesa.   


“É o único que todos desejam e sobre algo que todos demonstraram apoio sem reservas”, diz uma fonte militar europeia à ANSA. Depois, há acordo suficiente sobre a política externa da imigração e sobre a defesa do livre comércio. Contudo, há profundas divisões sobre a gestão interna da imigração, sobre a solidariedade que falta dos países da Europa oriental e sobre a revisão do princípio do Orçamento – que a Itália lidera para interligar os “beneficiários” do valor dado à obrigação da solidariedade. (ANSA)


Siga a IstoÉ no Google News e receba alertas sobre as principais notícias