Conversas gravadas em março de 2016 indicam que o ministro do Planejamento do governo Temer, Romero Jucá (senado licenciado do PMDB-RR), sugeriu ao ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado que o eventual impeachment de Dilma Rousseff (PT) poderia resultar num pacto para “estancar a sangria” da Operação Lava Jato, que apura corrupção na Petrobras. Tanto Jucá quanto Machado são investigados por suposta participação no esquema. A informação foi revelada pelo jornal Folha de S.Paulo.

As conversas, que somam mais de uma hora, foram gravadas de forma oculta, semanas antes da votação do impeachment de Dilma na Câmara e do Senado. As gravações estão em poder da Procuradoria-Geral da República (PGR).

Procurado pela Folha, o advogado de Jucá, Antonio Carlos de Almeida Castro, afirmou que o ministro “jamais pensaria em fazer qualquer interferência” na operação e disse que não há ilegalidade na conversa com o ex-presidente da Transpetro.

Segundo a Folha, Machado passou a procurar parlamentares por temer que as apurações contra ele fossem enviadas de Brasília para a vara do juiz Sergio Moro, em Curitiba, principal base da Operação Lava Jato.

Ainda de acordo com o jornal, Jucá respondeu às preocupações de Machado dizendo que seria necessária uma “resposta política” para evitar que o caso chegasse a Moro. “Tem que resolver essa porra. Tem que mudar o governo para estancar a sangria”, afirmou o ministro.

Jucá também afirma, nas gravações, que um eventual governo Michel Temer teria de construir um “pacto nacional com o Supremo, com tudo”. “Delimitava onde está, pronto”, afirma o hoje ministro a respeito das investigações.

O ministro do Planejamento é alvo de inquérito da Lava Jato por suposto recebimento de propinas pagas por empreiteiras beneficiadas no esquema de corrupção na Petrobras.

Já Machado foi relacionado por delatores a um suposto esquema de pagamento de valores que teria como destinatário o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).