Em quase duas horas de depoimento em audiência de processo contra o empresário Eike Batista, o ex-executivo da companhia de construção naval OSX Ivo Dworschak Filho relatou uma série de práticas que considerou “inaceitáveis” na empresa, ocorridas principalmente em 2013. Para ele, Eike Batista acreditava nos projetos, mas era ingênuo, extremamente controlador e estava mal assessorado.

O ex-funcionário contou uma suposta tentativa sigilosa de venda do navio plataforma FPSO 2 para a Maersk em janeiro de 2013. A unidade estava em desenvolvimento pela OSX e seria usada por outra empresa do grupo, a OGX, mas no início daquele ano já havia rumores dentro da empresa que a petroleira não precisaria mais da FPSO. Apesar disso, o cancelamento do contrato entre as duas empresas do grupo só ocorreu no segundo semestre de 2013.

De acordo com a testemunha, a formalização do cancelamento era vista como “muito ruim” dentro do grupo EBX. Ele contou que isso poderia ter ocorrido após a OGX ficar 90 dias sem pagar a OSX. Para o ex-funcionário, o que estava sendo feito era uma tentativa de ganhar tempo para ver se o mercado voltava a comprar ações da companhia.

Segundo Dworschak, a plataforma deixou de ser necessária, mas isso não foi comunicado ao mercado. A OSX teria buscado uma alternativa para o problema. “A diretoria da OSX orientou o comercial para ver onde poderia ter uma aplicação para a plataforma . Foi identificado que poderia ser usado pela Maersk em Angola”, disse.

“A empresa (OSX) entrou em colapso fruto de má avaliação da OGX e contratação deste navio. Essa informação não foi passada para o mercado, se fosse passado na época seria precipitar a derrocada do grupo mais cedo ainda”, afirmou o engenheiro naval. Para ele, a OSX poderia ter trabalhado mais enxuta. Ele citou a expectativa de entrega de 49 plataformas, quando na verdade só duas se concretizaram.

Dworschak ocupou diversos cargos na companhia e chegou ao posto de presidente da OSX por algumas semanas, antes de sair da empresa. Ele disse que sofreu retaliações na empresa porque discordava das ações que estavam sendo tomadas e “eram contra governança corporativa”.

Além do ex-funcionário, José Aurélio Valporto foi ouvido como informante. Ele é representante da Associação de Acionistas Minoritários (Aidimin).

Os advogados de Eike Darwin Corrêa e Raphael Mattos consideraram as declarações tendenciosas e os comentários de ambos subjetivos.