Com 20%, ou R$ 13 milhões, do orçamento de R$ 65 milhões contingenciados pelo governo federal, a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) só tem condições financeiras para manter as atividades de ensino, pesquisa e extensão até agosto. Segundo a instituição, desde o início do ano, a universidade vem recebendo menos recursos do que o previsto, o que tem sido insuficiente até para manter despesas básicas, como água, energia, limpeza e segurança dos seis câmpus.

Procurado, o Ministério da Educação (MEC) não se posicionou. Segundo a reitora da Unifesp, Soraya Soubhi SmailiSoraya, também havia previsão de R$ 59 milhões em recursos para obras e construções e apenas 60% foram liberados. “A dívida da universidade já está em torno de R$ 12 milhões, o mesmo valor que em todo o ano de 2014. Enfrentamos dois problemas neste ano. Primeiro, o bloqueio dos recursos; e, depois, um grande aumento em todos os nossos contratos, por causa da inflação. Por isso, não chegamos a setembro (mantendo todas as atividades).”

A instituição publicou nota em seu site informando a gravidade da situação. “Este manifesto tem a finalidade de divulgar o risco de suspensão das atividades da universidade, caso não sejam liberados imediatamente os 20% dos recursos orçamentários contingenciados e aporte de recursos financeiros para honrar os compromissos.”

Desde 2013, a universidade sofre com os cortes financeiros. Em 2015, criou uma Comissão de Acompanhamento de Contas para melhor gestão dos recursos. Neste ano, 30% dos terceirizados de limpeza e segurança foram demitidos e se deu prioridade aos cortes em gastos que não atrapalhassem as atividades acadêmicas, como o envio de cartas.

Repercussão

Vice-coordenador da Câmara de Pós-graduação da Escola Paulista de Medicina (EPM) da Unifesp, Ruy Campos diz que alunos, professores e funcionários da instituição já estão sentindo o impacto da crise, mas que as consequências podem ser piores a longo prazo. “A verba de custeio para manutenção dos programas é um fator de grande preocupação, porque temos um parque de equipamentos de alto nível, sofisticado e caro, e não temos como manter as manutenções corretivas e preventivas. Temos mantido com verba da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), que não é suficiente.”

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Campos diz que atua como coordenador de um programa de pós-graduação em Farmacologia e Fisiologia que, até o momento, recebeu apenas 10% da verba que foi repassada em 2014. “No ano passado já teve uma redução drástica.” Ele afirma ainda que a crise tem afetado o desempenho dos professores. “Há um desânimo dos docentes, orientadores, que deveriam ser o motor da faculdade.”

Presidente da Associação dos Docentes da Unifesp (Adunifesp), Rodrigo Medina diz que alunos e professores devem se mobilizar para evitar a paralisação das atividades a partir de agosto. Aluno do 1º ano do curso de Licenciatura Plena em Ciências da instituição, Cássio Alberto do Nascimento, de 28 anos, afirma que os estudantes estão preocupados. “A gente está desesperado. É frustrante, porque, como alunos, somos uma parte muito frágil, mas vamos batalhar por qualidade.”

MEC

Procurado, o Ministério da Educação (MEC) disse que não teria tempo hábil para responder. E prestaria hoje esclarecimentos sobre os repasses.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


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