A treze meses da sucessão presidencial, é obviamente muito pouco o que podemos dizer com alguma convicção. Previsões, mesmo baseadas em pesquisas, são meros palpites. Convergência de opiniões, só há em relação a uma questão — o papel a ser desempenhado por Lula — e mesmo essa precisa ser desdobrada em duas: ele poderá se candidatar ou estará nas malhas da Justiça? Se puder, que chances tem de sair vitorioso? Deixarei de lado, por razões óbvias, a de ele estar ou não elegível. Nessa área, minha bola de cristal embaça com a maior facilidade.

E quanto a suas chances de vitória, que podemos dizer nesse momento? Curiosamente, tenho ouvido muita gente falar que ele seria um candidato fraco, por duas razões. Primeiro, os altos índices de rejeição a seu nome, aferidos em numerosas pesquisas. Segundo, no ambiente de ojeriza à política em que o Brasil se encontra, os políticos considerados “velhos” (o que inclui idade e estilo) serão alvo de uma rejeição indiscriminada.

Os eleitores sairão em busca de nomes “novos”, não contaminados por velhas práticas. Desse ponto de vista, quem sai bem na foto é João Doria. Lula sai muito mal. Uma grande consultoria internacional chegou mesmo a cravar que o “risco Lula” perdeu importância.

Confesso que ainda não me rendi a tais argumentos. Altos índices de rejeição não são um privilégio de Lula, mas de praticamente toda a classe política. Em tal situação, Lula pode muito bem passar ao segundo turno. A debacle produzida pelos governos Lula e Dilma semeou na sociedade um ressentimento sem precedentes, e a melhor provadisso é que os próprios Lula e Dilma têm a audácia de vir a público tentar responsabilizar o governo Temer pelo desastre que eles mesmos provocaram.

Outro fator de suma importância é que o sentimento antipolítico da sociedade poderá influenciar a eleição de uma forma nunca vista no Brasil, com níveis recordes de abstenção e de votos em branco e nulos. Como seu jeito populista e o eleitorado quase cativo que conseguiu formar com suas políticas sociais paternalistas, Lula poderá sobrepujar os candidatos que não tenham tais vantagens ou que dependam muito do eleitorado de classe média, segmento social que vem se mostrando extremamente crítico de tudo e de todos.

Quem sai bem na foto é João Doria. Lula sai muito mal. Uma grande consultoria internacional chegou mesmo a cravar que o risco Lula perdeu importância

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