A falência moral da política tradicional no Rio de Janeiro, onde os principais líderes respondem a pesadas acusações de corrupção, está provocando uma reviravolta na opinião pública carioca. Os políticos que habitualmente freqüentavam a lista como pré-candidatos a governador do Estado, estão sendo substituídos por nomes novos, a maioria estrelas do mundo esportivo, artístico e cultural. A um ano das eleições, despontam nomes como o do apresentador Luciano Huck, da TV Globo, do técnico de voleibol Bernardinho e do ex-jogador de futebol Romário, que apesar de estar na política há seis anos como senador, continua a ser identificado mais como estrela do mundo esportivo do que como político tradicional. Outro que está pleiteando a candidatura é o empresário Omar Peres, conhecido como Catito. Dessa lista de celebridades, apenas Catito, pelo PDT, e Romário, pelo Podemos, assumem ser pré-candidatos. Os outros dois, Huck e Bernardinho, negam, mas pouco convincente.

Bernardinho e Huck estão sendo cobiçados pelo partido Novo, que está surgindo com um projeto diferente de fazer política, dispensando inclusive o financiamento público partidário. Embora os dois não assumam suas candidaturas, deixam espaços para dúvidas. A legenda assedia Luciano Huck para ser candidato a governador, a senador ou até a presidente da República. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, disse recentemente que “o novo” no cenário político brasileiro hoje é representado pelo prefeito de São Paulo, João Doria, e pelo apresentador Luciano Huck.

Participação ativa

Huck tem participado, inclusive, cada vez com maior intensidade, de discussões de pautas nacionais, como o decreto do presidente Temer que permitiu a mineração na Amazônia. “Nossas florestas e seus povos são uma das nossas maiores riquezas. Decretar uma medida como esta é estupidez”, atacou em sua página no Facebook. E função da pressão de artistas como ele, o presidente Temer está revendo o decreto sobre a mineração. Em várias oportunidades, Huck tem falado sobre “o colapso político”, a “crise ética” na política e, em recente artigo publicado na “Folha de S.Paulo”, disse que há uma “nova geração” inteligente e competente que pode ajudar o País a sair da inércia.

À ISTOÉ, Bernardinho disse, na quarta-feira 30, que não pretende ser candidato: “Não sou candidato, como tem sido veiculado. Essas notícias, inclusive, têm me prejudicado tanto com patrocínios quanto com palestras”, disse o ex-jogador de vôlei. Dois dias antes, contudo, ao falar para cerca de 300 pessoas na Associação Comercial do Rio de Janeiro, disse considerar o “ambiente político contaminado”. Ao jornal “Valor Econômico” contou que muitas pessoas “simpatizam” com sua candidatura a governador do Rio e lhe dizem nas ruas: “Tô contigo”. Em abril deste ano, Bernardinho saiu do PSDB e filiou-se ao Novo, que gostaria de tê-lo na briga pelo governo ou para o Senado.

Assumidamente interessado em disputar a sucessão do governador Luis Fernando Pezão (PMDB), o empresário Omar Peres, conhecido como Catito, disse à ISTOÉ que vem conversando com o PDT nesse sentido. Ele até já ganhou camisas de futuros eleitores com o slogan estampado: “O Rio corre para Omar.” Embora novato em disputadas eleitorais, Catito diz ter experiência em gestão: “Conheço economia. Fui dono de estaleiro e secretário de Desenvolvimento de Minas Gerais, no tempo do Itamar Franco”.

O ex-jogador Romário corre por fora. Seu nome aparece bem cotado nas pesquisas de intenção de votos para o governo do Rio. “Sou reconhecido como o eterno baixinho”, disse à ISTOÉ. Ele acha que o verdadeiro significado desse perfil de gente nova que o eleitor busca, “é nomes que não estejam metidos na lama da corrupção”. Romário confirma que a possibilidade de disputar o cargo pelo Podemos é grande. Segundo ele, muitos dos problemas do Rio estão relacionados “à roubalheira promovida pelo ex-governador Sergio Cabral”, atualmente preso.

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A situação do Rio é tão grave que o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Sergio Etchegoyen, disse temer que uma das “novidades” das próximas eleições no Rio possa ser a infiltração do crime organizado no processo eleitoral. “Entendemos que o crime pode financiar candidatos em 2018”, disse o general. A torcida dos cariocas, porém, é para que Etchegoyen esteja enganado e que os novos políticos ocupem o espaço deixado pelos que frustraram as esperanças dos cariocas.

A situação no Rio é tão grave que o ministro do Gabinete de Segurança Institucional teme a infiltração do crime organizado nas eleições


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