Eduardo Paes 

Promover reformas urbanas e transformações radicais em uma cidade do porte do Rio de Janeiro é uma iniciativa de alto risco para um governante. Quando o prefeito carioca Eduardo Paes (PMDB) encarou esse desafio, ele foi além de suas próprias expectativas. “Nem nos meus mais lindos sonhos poderia imaginar que a gente fosse entregar tanta coisa, como a transformação da mobilidade, inovando com VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) e BRTs (sigla em inglês para o sistema de transporte coletivo baseado em vias rápidad-s para ônibus)”, diz Paes. Em sua gestão, além dos desafios habituais de um prefeito, foi necessário preparar a cidade para ser sede do maior evento esportivo mundial, os Jogos Olímpicos Rio-2016. Realizada em agosto, a primeira Olimpíada da América do Sul foi elogiada no Brasil e no exterior.

Durante seus anos na Prefeitura, Paes mudou quase totalmente a região central da cidade, destruindo viadutos, abrindo túnel, fechando rua para carros e fazendo com que uma importante avenida, a Rio Branco, virasse um aprazível boulevard. Na antes decadente zona portuária, tudo foi restaurado, com novas instalações para a cultura e lazer cujo efeito foi extremamente positivo: o lugar virou um novo e disputado ponto turístico. Ao resumir a fórmula para ser bem-sucedido em empreitadas gigantescas como essas, ele destaca a importância de buscar modelos novos de administração, com presença forte da iniciativa privada nas obras públicas. Além do legado da Rio-2016, o prefeito garante ter construído 300 unidades de ensino e quase 200 de saúde. Na educação, o atendimento em período integral chegou a 40% da rede municipal. Na saúde, por meio das clínicas de família, a cobertura básica hoje atinge 70% da população.

Nascido na zona sul do Rio, Eduardo Paes, 47 anos, elege programas no subúrbio para quem quiser “conhecer a alma da cidade”, caso das rodas de samba de Madureira. Entre os belos visuais do Rio, a Vista Chinesa, no Parque da Tijuca, é a sua predileta. E a festa máxima, claro, o carnaval. Portelense, ele já sofre porque em 2017 não verá sua escola desfilar. Paes vai morar fora do Brasil. “No dia 1º de janeiro, entrego a Prefeitura para o Marcelo Crivella (PRB), e vou direto pegar meu voo para Nova York.” O futuro prefeito, garante o atual, receberá a administração “com as finanças no azul e as contas pagas.”

Paes irá morar em um apartamento na Universidade Columbia, em Manhattan. Dará aulas, palestras e consultoria para o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Embora já tenha dito que seria candidato ao governo fluminense em 2018, ele agora desconversa. “Eu falo demais, às vezes, mas não sou obrigado a continuar falando demais.” Da mesma forma, não quis comentar a especulação de que pretende trocar seu atual partido pelo PSDB e, muito menos, sobre a prisão do ex-governador Sergio Cabral (PMDB), sob suspeita de corrupção. “Não falo sobre isso”, diz, apenas. E explica: “A única coisa que eu penso agora é em tirar meu ano sabático e ter mais tempo com meus dois filhos e minha mulher, Cristine”.

“Nem nos meus mais lindos sonhos a gente poderia entregar tanta coisa”