ROMA, 19 AGO (ANSA) – O grupo terrorista Estado Islâmico (EI) divulgou neste sábado (19) um comunicado oficial reivindicando os atentados realizados nos últimos dois dias em Barcelona e Cambrils, na Catalunha, que deixaram 14 mortos e mais de 120 feridos.   

Horas após o ataque das Ramblas, o EI já havia usado sua agência de propaganda, a “Amaq”, para assumir a autoria do ato, mas agora a milícia distribuiu, por meio do aplicativo Telegram, uma nota dizendo que as ações nas duas cidades catalãs foram contra “cruzados e judeus”.   

O comunicado foi reproduzido pelo SITE Intelligence Group, organização que monitora a atividade de extremistas na internet.   

Segundo o Estado Islâmico, os autores dos atentados são “soldados do califado”.   

O uso de veículos pesados – como vans e caminhões – tem sido o método preferido de simpatizantes do EI para cometer ataques na Europa, como nos de Nice, em julho de 2016, de Berlim, em dezembro do mesmo ano, e de Londres, em março e junho de 2017.   

Esses foram os primeiros atos terroristas da milícia na Espanha, que em 2004 já havia sido alvo da Al Qaeda, em uma operação que matara 192 pessoas no sistema ferroviário de Madri. Atualmente, o país participa da coalizão internacional que combate o EI no Oriente Médio.   

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Além disso, parte da Península Ibérica, principalmente a região que hoje corresponde à Andaluzia, permaneceu sob domínio muçulmano por quase 800 anos, entre 711 e 1.492. Há cerca de duas semanas, simpatizantes do Estado Islâmico lançaram apelos nas redes sociais pedindo “ataques iminentes” na Espanha e a “reconquista de Al-Andalus”, como era chamada a península até ser retomada pelos cristãos.   

Esse período de aproximadamente oito séculos coincide com a Idade de Ouro Islâmica, por isso “Al-Andalus” é usada frequentemente nas mensagens de propaganda jihadista. Após a divulgação do comunicado do EI, o rabino-chefe de Barcelona, Meir Bar-Hen, afirmou que a comunidade judaica está “condenada” e convidou os fiéis a se mudarem para Israel. “Melhor ir embora agora do que depois”, disse.   

Célula terrorista – No início da tarde deste sábado (horário local), o ministro do Interior da Espanha, Juan Ignacio Zoido, afirmou que a célula terrorista responsável pelos atentados na Catalunha havia sido “desarticulada”, mas o secretário da mesma pasta na comunidade autônoma, Joaquim Forn, negou a informação.   

De acordo com este último, só será possível dizer que a quadrilha foi desmantelada quando as autoridades “descobrirem o paradeiro de todas as pessoas que fazem parte dela”. “Não quero contradizer o ministro Zoido, mas esse inquérito está sendo feito pelos Mossos d’Esquadra [nome da força policial catalã], e há várias linhas de investigação”, afirmou o secretário catalão.   

Há pelo menos um suspeito foragido: o marroquino Younes Abouyaaqoub, de 22 anos, provavelmente o motorista da van que atropelou centenas de pessoas nas Ramblas, famoso calçadão turístico de Barcelona. As autoridades também identificaram outras duas pessoas com paradeiro desconhecido, mas investigam se os restos mortais encontrados nos escombros de uma casa em Alcanar, a 200 quilômetros da capital catalã, pertencem a elas.   

A residência ficou em ruínas após uma explosão na noite da última quarta-feira (16) e era usada como base pela célula terrorista, que armazenava diversos cilindros de gás para a fabricação de bombas caseiras. Outros cinco homens foram mortos pela polícia em Cambrils, após terem atropelado seis pessoas na cidade (uma delas faleceu no hospital), e quatro estão presos.   

Provavelmente, o objetivo do grupo era realizar atentados ainda maiores, tanto que ele havia alugado três furgões para a operação, e apenas um deles foi usado para atacar. Dois deles foram pegos em nome de Abouyaaqoub e de Mohamed Hychami, 24 anos, um dos terroristas mortos em Cambrils.   

Segundo fontes ouvidas pela ANSA, o objetivo deles era alugar veículos ainda maiores, mas o pedido foi recusado pela locadora devido à baixa idade dos dois ou ao pouco tempo de habilitação como motoristas. Uma das vans foi usada nas Ramblas, e a outra foi abandonada em Vic, 70 quilômetros ao norte de Barcelona.   

A célula era formada por homens de 17 a 34 anos, mas a polícia não descarta que o autor “intelectual” seja alguém mais velho e com alguma ascendência sobre eles, talvez na França ou no Marrocos, país de origem da maioria dos suspeitos. Neste sábado, os Mossos d’Esquadra fizeram uma operação na casa do imã de Ripoll, cidade onde foram presos três homens por ligação com os atentados. (ANSA)


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